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Paulo Sampaio

Jantar para Doria na casa de socialite tem sushi, torre de sorvete e... carne

Paulo Sampaio

22/03/2017 13h39

Mais de 300 pessoas estiveram no jantar que a socialite Lucilia Diniz ofereceu na noite de terça-feira (21),  em torno do prefeito João Doria. No auge da homenagem, banqueiros, empresários e artistas se acotovelavam no salão, e o próprio Doria precisou tirar os sapatos e subir em uma cadeira para ser visto enquanto fazia um discurso. Estava todo de preto, inclusive o cashmere.

O jantar estava marcado para as 20h30, mas o prefeito chegou perto das 22.  Foi a pé – ele mora a cerca de 100 metros da casa de Lucilia – cumprimentando os seguranças dos convidados pelo caminho.

No discurso, agradeceu a todos que votaram nele, retribuiu o afeto, em especial da anfitriã, que gastou no jantar bem mais que os R$ 100 mil que ela diz ter doado para a campanha do tucano.

Além de arroz de pato, cuscuz, risoto e nhoque, serviram pastel (de queijo com limão siciliano). Doria não comeu. Ao que tudo indica, o prefeito prefere os de rua. Havia também duas torres de sorvete (mais altas que os garçons que as serviam) e um balcão de sushis. Ah, e carne. Escolope de mignon com aspargos grelhados.

À entrada, Bruna Lombardi disse que só come peixe. "Não tenho nada contra quem come carne, cada um faz o que quer", pontuou. "Agora [abrindo bem os olhos verdes, para mostrar indignação] quem serve carne podre tem, sim, que ser punido!" Ela se referia ao escândalo envolvendo políticos, fiscais e empresários, que afastou 33 servidores do Ministério da Agricultura sob suspeita de corrupção.

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La Vie en Rose

Em cima da cadeira, o prefeito falou ainda que tudo o que Lucilia faz é com muita paixão, assim como ele (que não perde uma oportunidade de declarar seu amor pela mulher, Bia, a quem, infelizmente, só vê três horas por dia, quando ela está dormindo; culpa do trabalho). Dória fez alusão ao romance iniciado em outro jantar oferecido a ele por Lucilia, no ano passado, quando a anfitriã encontrou "uma figura maravilhosa para completar seu coração". Trata-se do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, que, segundo o homenageado, é o amor da vida dela.  A emoção tomou conta do ambiente. O prefeito continuou: "o clique do amor surgiu naquela noite"; "uniu os dois".  Muito apaixonado, Trabuco recebeu os convidados lado a lado com a amada. Lucilia usou um look preto até que discreto para os padrões dela. Posou para fotos beijando o eleito no rosto. De acordo com uma amiga próxima, o pacote já é parte da "gestão Trabuco".  Ao que parece, os tempos de farra com Latino, o cantor que a apresentou  ao submundo do pop e balançou seu lifestyle, ficaram no passado.

Lucilia contratou inclusive uma professora de inglês. Antônia Figueiredo, que dá aula para ela há cerca de três semanas, afirma que sua aluna é "uma principiante". "Ela ainda tem uma trava na língua" (em inglês).

Ao fim do discurso do prefeito, a produção colocou pra tocar La Vie en Rose, na voz de Grace Jones

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Todo grande homem tem…

Os secretários municipais compareceram em massa ao jantar.  Wilson Polara, o da saúde, cuja circunferência abdominal mede 115 cm, afirmou que todo grande homem tem uma grande mulher atrás dele, e uma grande barriga à frente.

O secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Filipe Sabará, contou animado que o governo fechou uma parceria com a arquiteta Patrícia Anastassiadis para recuperar os abrigos de moradores de rua. Por toda a cidade, os felizardos já comemoram a boa notícia.  Na última exposição de decoração Casa Cor, o ambiente de Anastassiadis era "uma sala que mescla biblioteca, office e espaço para celebrar entre amigos".

Um camburão da polícia militar tinha dado cerca de sete voltas na quadra, quando o governador Geraldo Alckmin saiu da festa e respondeu ao blog sobre a citação de seu nome na Operação Lava Jato. A Odebrecht teria efetuado repasses de dinheiro para suas campanhas ao governo de São Paulo em 2010 e 2014.  Alckmin diz que está "absolutamente tranquilo", "seguro do rigor ético e legal" de sua campanha e, de repente: "Amanhã vou a Guarapiranga para visitar um projeto em conjunto com a prefeitura que serve para evitar que a sujeira chegue na represa e (…) envolve o sistema de limpeza (…)  a reposição da mata…"

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O inferno são os outros

Encantada com a administração Doria, a advogada Thereza Almeida solta alguns pensamentos do dia: "O que sucede, convém". "Quando a gente está atravessando o inferno, não pode parar."  Sua travessia da rua Itália, no Jardim Europa, em direção ao carro que o manobrista acaba de trazer, não lembra muito o que se imagina do inferno. Dentro de um trench coat pérola luminoso "Glória", ela carrega no pescoço um colar grande de pedras negras Lool, enquanto caminha feliz, toc-toc-toc, sobre um par de sapatos Gucci.

O sertanejo Leo posa para selfies com as recepcionistas, enquanto diz frases de efeito para defender o irmão, Victor, acusado pela ex-mulher de dar uma surra nela: "Ninguém tem controle sobre tudo…O que você não domina, tem de se adaptar." E solta a palavra-curinga:  "É preciso ser resiliente…"

À porta, o valet informa que uma gorjeta boa em uma festa bem-frequentada é R$ 50. Mas a maioria não dá nada.

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Acelera SP

Por volta das 23, parte dos convidados começa a deixar a festa. Há cerca de 30 seguranças particulares na rua, sem contar os que chegam dentro dos carros. A vida é cor-de-rosa, mas não dá pra facilitar.

"Ai, agora é que é duro", diz uma das convidadas. "Tirar a maquiagem, desacelerar, complicado, né?" Muito.

Sobre o autor

Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames.