Preconceito de mão dupla: 'mendigo' e 'japonesa' se estranham na rua em SP
Aconteceu outro dia, em frente ao prédio onde eu moro, em Higienópolis, região central de SP. Uma brasileira de origem japonesa residente no bloco B conversava com um curador de arte do bloco C, quando um morador de rua se aproximou dos dois, arrastando um saco grande de lixo reciclável. Mostrando-se amedrontada, ela circundou o amigo, para se "proteger". Ao perceber o movimento da mulher, o morador de rua gritou:
"Volta pra sua terra, amarela! Tá fazendo o quê aqui? Se tem nojo do povo do Brasil, se tem nojo de mendigo, volta pra sua terra!"
Gritou isso muitas vezes, até que a 'amarela' se aproximou dele meio constrangida, pela quantidade de transeuntes que observavam a cena, e pediu perdão: "Você me desculpe, eu agi errado."
O morador de rua então disse, e repetiu: "A senhora me julgou sem me conhecer! Olha, não julgue um livro pela capa, dona"… Ela insistiu: "Certo, mas você pode aceitar minhas desculpas ou não?" Ele aceitou as desculpas e disse, baixando o tom de voz, que ela não deveria mais tratar pessoas de outra condição social daquele jeito. Foi embora.
Pareceu satisfeito com o desfecho do incidente, mas ela, pensando bem, não: "Ele também deveria pedir desculpas por me chamar de amarela. Ou ele também não me julgou?"
Moral da história: nem o "mendigo", nem a "amarela" precisavam ter vivido aquele momento. Um flagelo social, cultural, emocional, político etc.
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