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Paulo Sampaio

Para deputada PM que matou assaltante, a solução é armar e punir

Paulo Sampaio

14/03/2019 04h00

A deputada policial Katia Sastre, que matou assaltante na porta da escola onde estudava sua filha, em Suzano, volta à cidade para acompanhar as investigações do massacre na Escola Estadual Raul Brasil (Foto: Mauricio Sumiya/Futura Press/Folhapress)

Homenageada pelo ex-governador de São Paulo Marcio França por matar um assaltante na porta da escola onde sua filha estudava, em maio do ano passado, em Suzano (Grande São Paulo), a policial Katia da Silva Sastre, 42 anos, voltou à cidade ontem, agora como deputada federal (PR-SP), para acompanhar as investigações do massacre promovido por dois jovens na Escola Estadual Raul Brasil, onde ela mesma estudou "a vida inteira". Ao menos 10 pessoas morreram, entre elas os dois atiradores, que também eram alunos dali. "Foi um ato de loucura que está dominando a sociedade! É um absurdo o que aconteceu! Precisamos endurecer as penas no país!", disse ela em entrevista ao blog, por e-mail. 

Eleita com 264 mil votos, Kátia foi a sétima colocada no pleito do estado. São Paulo elege 70 deputados. Durante a campanha, a candidata se envolveu em uma polêmica ao divulgar nas redes sociais o vídeo em que atira no assaltante. "Atirei e atiraria de novo", diz ela, que ganhou uma orquídea do governador França, a título de reconhecimento pela ação. 

Abaixo, os principais trechos da entrevista.

Blog — A senhora acha que o massacre de Suzano dá razão aos defensores do desarmamento?
Katia Sastre — Eles podem acreditar no que quiserem. O fato é que se alguém estivesse armado na frente da escola, essa tragédia não haveria acontecido.

Blog — A senhora é a favor de facilitar o porte de armas para coordenadores e professores nas escolas, bem como ensiná-los a manejá-las?
Sastre  — Quero facilitar o porte de armas para todos os brasileiros! No Congresso, serei a favor de projetos neste sentido.

Blog — Acredita que o porte de armas — que foi cogitado, agora que um  decreto facilitou a posse — seria um gatilho para o aumento da violência, já que abriria mais a possibilidade de ocorrerem massacres como este?
Sastre — Pelo contrário. Bandidos sempre terão acesso às armas. O cidadão de bem usa a arma para se defender, não para matar quem quer que seja. Se há a liberação do porte, crimes como este de Suzano têm maiores chances de não acontecer ou ocorrem em menores proporções.  Você coloca um extintor de incêndio para se prevenir e não pretende utilizá-lo, mas se for necessário ele tem que estar em condições. A posse de arma pelas pessoas de bem vem em benefício da sociedade. Quem mata não é a arma e sim a pessoa.

Blog —  Acha que o caso de Suzano pode estar ligado à ideologia do governo atual — que tem, segundo seus detratores, disseminado um clima belicoso nas redes sociais, e estaria associado a milícias?
Sastre — Quem foi esfaqueado, foi o presidente, enquanto candidato, e por um militante do PSOL, partido que se diz defensor da paz! Em dois meses de governo, podemos atribuir a ele um comportamento tão cruel?! Desde que os partidos de esquerda passaram a governar o Brasil, a violência entrou numa curva ascendente. O Brasil passou a ter 60 mil mortes por ano! Liberaram as drogas, tiraram a autoridade dos pais, tiraram a credibilidade das instituições, impediram o menor de trabalhar e assumir responsabilidades!

Blog —  O caso em questão é semelhante ao que já se viu algumas vezes em escolas dos EUA. Como explicar esse comportamento aqui? Acha que tem a ver com ressentimento ou ódio, muitas vezes fomentados nas redes sociais?
Sastre — Está evidente que existe uma grave cultura da violência e que ela somente será revertida com boas medidas culturais e educacionais. Mas, de imediato, temos que ter leis duras e a certeza da punição.

Blog — A senhora já propôs algum projeto (ou pretende propor) no sentido de evitar esse tipo de violência nas escolas?
Sastre — Acabei de apresentar um projeto que aumenta a pena nos crimes praticados no interior da escola ou nas imediações.

 

Sobre o autor

Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames.