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Paulo Sampaio

Analista de TI frustrado se realiza trabalhando com empoderamento feminino

Paulo Sampaio

13/11/2017 08h00

Depois de dez anos trabalhando com análise e desenvolvimento de sistemas, o consultor em tecnologia da informação (TI)  William Nascimento largou tudo para se tornar aquilo que ele "já era": coach especializado em empoderamento feminino. "A vida toda tive um ótimo relacionamento com as mulheres, elas sempre me procuraram para pedir dicas de relacionamento, de trabalho, de vida doméstica", conta Nascimento, 30 anos. "Um dia, pensei: 'Por que não transformar em profissão o que eu já faço tão bem na vida pessoal?"'

Frustrado como TI, William Nascimento se realizou trabalhando com empoderamento feminino (Foto: Divulgação)

Sua especialidade é "ajudar a mulher a recuperar a autoestima". Ele explica que as técnicas que utiliza são as mesmas de qualquer coaching. "Partimos do princípio de que as respostas a questões importantes estão dentro da própria pessoa. Ela mesma vai encontrá-las."

Essa e outras lições ele aprendeu em sua formação de dois anos na Sociedade Brasileira de Coaching.  "O processo é voltado para a ação. A pessoa vai se mexer para descobrir por si o que pode fazer para se tornar uma mulher poderosa."

Dando a ferramenta

Uma das ferramentas mais eficazes do coaching, segundo Nascimento, é o exercício das "perdas e ganhos". Em um relacionamento afetivo que está ameaçado, por exemplo, "a mulher vai responder o que ela ganha, o que ela perde se terminar; o que ela ganha, o que ela perde, se ficar." "A conclusão vai ser dela. Eu só dou a ferramenta."

Quando Nascimento anunciou seu trabalho no facebook, logo de saída angariou 12 clientes. Agora, já são 15. Faz atendimento individual e em grupo, e o pacote de dez sessões de 1h30 sai por R$ 2500. "Atendo muito por skype, porque nem sempre as mulheres são de São Paulo", explica.

Em sua página, ele adianta um pouco do que está por vir: "Falar mal do outro só revela quem você é, e não o outro". A frase acompanha a foto.

Passando vergonha

Houve protesto feminino nas redes. "O que que esse homem tá fazendo aí? Vai ensinar mulher sobre empoderamento feminino? Nossa, párem de passar vergonha! Omi sempre querendo roubar o lugar de fala da mulher! Se poupem", escreveu Cynthia Lima.

"Exclusivo para mulher, mas tem palestrante homem roubando lugar de fala. Me recuso a acreditar nisso", disse Inara Soliver.

Autoamor

Foram justamente esses comentários que atraíram a atenção da funcionária pública aposentada Rosely Rossi, 55 anos: "Resolvi assistir a alguns vídeos dele no face, e, vamos falar no popular, o William sempre me passou a impressão de conhecer muito bem a alma feminina. Exatamente por ser homem, ele não  julga nem puxa a sardinha para o lado da mulher, apenas apresenta as situações."

Rosely conta que passou por três relacionamentos sérios e que sua autoestima andava "abalada". "A gente começa questionar o que nos leva a ficar com pessoas que nos deixam para baixo. Se é um desejo nosso ou uma imposição social. No coaching, fazemos exercícios para se autoconhecer,  se autoamar.."

Tipo?

"Você se olha em um espelho de corpo inteiro, num gesto de quem está de abraçando, dá tapinhas no ombro e diz: 'Eu me amo por isso, por aquilo, por aquilo outro'. E mesmo que você tenha um defeito físico, vai aprender a se valorizar", diz Rosely, que integrou um grupo com mais duas mulheres.

Nascimento explica: "Trabalho muito a parte da coragem de ser imperfeita". Ele se refere a "um dos momentos mais delicados do processo do coaching".

Criado pela mãe, ele tem apenas uma irmã e terminou há um ano e meio seu último relacionamento sério. A moça era três anos mais nova, "uma mulher de personalidade forte". "Terminou por causa do desgaste. Esse processo me levou a entender melhor o mundo das mulheres."

 

Em sentido horário: Rosely (no alto à es), William, Claudia e Andrea (Foto: Divulgação)

Tem mais

Ainda que suas assertivas possam parecer surradas, Nascimento as faz com uma convicção que convence as clientes de seu método. Segundo Rosely, "a experiência foi extremamente positiva". "Eu posso dizer que atravessei uma jornada de autoconhecimento que me deixou muito mais segura." Findo o coaching, Nascimento marca uma data no futuro para ver como anda a execução de tarefas. "O mais legal é isso, o processo não termina ali", conta Rosely. "A gente vai se encontrar daqui a um ano para ver como se saiu nas metas que se colocou. Até lá, o William dá suporte por whapp."

Se tudo der certo, essas mulheres vão buscar, por conta própria, "meios para se gostar": "Procurar o nutricionista, se matricular na academia, emagrecer…", explica Nascimento.

E então, de acordo com a legenda da foto do grupo no skype, seguir "rumo a uma vida fodástica".

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre o autor

Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames.