{"page-prev":false,"page-next":false,"blogosfera-options":{"category":[{"link":"http://paulosampaio.blogosfera.uol.com.br/category/sem-categoria/","title":"Sem categoria","descriptions":"","slug":"sem-categoria","size":347}],"page-type":"post","blog-id":"172","site-url":"http://paulosampaio.blogosfera.uol.com.br","author-info":{"title":"Sobre o autor","description":"Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para S\u00e3o Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publica\u00e7\u00e3o de mat\u00e9rias de comportamento e entrevistas com artistas, pol\u00edticos, celebridades, atletas e madames."},"blog-info":{"title":"","description":""},"blog-publicity":"","comentarios":{"show":true,"id":14752053,"disableTitle":true,"displayInline":true}},"blog":{"conteudo":{"titulo":"Estudo mostra que a popula\u00e7\u00e3o negra de SP \u00e9 mais vulner\u00e1vel \u00e0 Aids","autor":"Paulo Sampaio","texto":"

De uma maneira geral, as estrat\u00e9gias de preven\u00e7\u00e3o contra o v\u00edrus do HIV t\u00eam sido ineficientes. O cen\u00e1rio se torna ainda\u00a0mais preocupante\u00a0entre os negros, j\u00e1\u00a0que\u00a0o n\u00famero de infectados\u00a0que desenvolveram a Aids se revelou muito maior do que entre brancos. \u00c9 o que mostra\u00a0um\u00a0estudo de tend\u00eancia que o\u00a0sanitarista Artur Kalichman, coordenador e diretor t\u00e9cnico substituto do Centro de Treinamento e Refer\u00eancia DST-Aids, ligado \u00e0 secretaria da Sa\u00fade do estado de S\u00e3o Paulo, apresentou ontem\u00a0na 22nd International Aids Conference, em Amsterdam, tida como o mais importante evento sobre a doen\u00e7a\u00a0no mundo.

Como Kalichman explica, quem tem\u00a0o v\u00edrus\u00a0n\u00e3o necessariamente desenvolveu doen\u00e7a.\u00a0“Uma coisa \u00e9 contrair o HIV; outra \u00e9 desenvolver Aids, outra morrer de Aids'', diz o sanitarista. “Depois de 1996, quando a mortalidade por Aids come\u00e7ou a cair por causa do tratamento com o coquetel (combina\u00e7\u00e3o de medicamentos anti-retovirais), o desenvolvimento da doen\u00e7a e a morte por ela passaram a depender do acesso\u00a0ou n\u00e3o ao tratamento.''

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A epidemia s\u00f3 cresce

Realizado entre 2007 e 2016, o estudo revelou que o n\u00famero de casos de infec\u00e7\u00e3o por HIV n\u00e3o para de crescer. O resultado,\u00a0tanto entre brancos como entre negros, \u00e9 alarmante. O crescimento\u00a0mais lento entre negros n\u00e3o indica\u00a0necessariamente que eles tenham contra\u00eddo menos o v\u00edrus: “O mais importante \u00e9 observar a tend\u00eancia ao aumento de casos, que se baseia em estat\u00edstica'', diz o sanitarista. Ele reconhece que “a vulnerabilidade \u00e0 infec\u00e7\u00e3o por HIV mostra que as campanhas de preven\u00e7\u00e3o t\u00eam falhado''.

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Os n\u00fameros de infec\u00e7\u00e3o por HIV apresentam crescimento tanto entre brancos como entre negros

Em rela\u00e7\u00e3o aos casos de pessoas\u00a0HIV positivas\u00a0que desenvolveram\u00a0Aids, observa-se que entre os brancos h\u00e1 um crescimento seguido de queda, enquanto entre os negros os n\u00fameros s\u00f3 aumentam. Para Kalichman, isso indica que “os brancos fazem mais o teste, sabem mais rapidamente o diagn\u00f3stico,\u00a0come\u00e7am a se tratar logo e n\u00e3o desenvolvem a doen\u00e7a''.

Racismo e iniquidades

O quadro revelado pela pesquisa \u00e9, segundo o m\u00e9dico, reflexo direto do\u00a0racismo. “O preconceito de cor leva\u00a0a uma s\u00e9rie de iniquidades que dificultam, para essa popula\u00e7\u00e3o, o acesso \u00e0 preven\u00e7\u00e3o do HIV, ao teste e ao tratamento da Aids.\u00a0Para onde voc\u00ea olhar no Brasil, sa\u00fade, educa\u00e7\u00e3o, sal\u00e1rios, vai ver que os negros est\u00e3o em desvantagem.\u00a0Isso evidentemente impacta nos acessos. Enquanto nossa sociedade n\u00e3o enfrentar o racismo, uma quest\u00e3o que \u00e9 estrutural no Brasil, esses resultados n\u00e3o v\u00e3o melhorar.''

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Quando se fala no desenvolvimento da doen\u00e7a (Aids), o\u00a0gr\u00e1fico\u00a0apresenta n\u00edtida diferen\u00e7a: segundo Kalichman, isso mostra que os brancos tiveram mais acesso ao teste, ao diagn\u00f3stico, ao tratamento

Medicamentos\u00a0para brancos

No in\u00edcio da epidemia, nos anos 1980, quando n\u00e3o havia medicamento eficiente para combater a doen\u00e7a, tudo o que agora se v\u00ea no primeiro gr\u00e1fico, da infec\u00e7\u00e3o por HIV, evoluiria na mesma propor\u00e7\u00e3o nos casos de Aids \u2013 5, 6, 8 anos depois (prazo para o desenvolvimento da doen\u00e7a, a partir do diagn\u00f3stico).

As novas drogas para a preven\u00e7\u00e3o do HIV, a\u00a0PrEP (Profilaxia Pr\u00e9-Exposi\u00e7\u00e3o ao v\u00edrus) e a PEP (Profilaxia P\u00f3s-exposi\u00e7\u00e3o), que apresentam um\u00a0bom resultado, devem ter impacto positivo na revers\u00e3o desse cen\u00e1rio. Mas Kalichman reconhece: “\u00c9\u00a0\u00a0bem prov\u00e1vel que tenham mais impacto entre brancos do que entre negros.''

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Apesar da oscila\u00e7\u00e3o na linha (azul), o m\u00e9dico diz que a mortalidade por Aids\u00a0entre brancos tende a se estabilizar, enquanto entre negros s\u00f3 aumenta

Resultado previs\u00edvel

Para militantes\u00a0dos coletivos de negros soropositivos, o preconceito racial, de classe e de orienta\u00e7\u00e3o sexual (e g\u00eanero) est\u00e3o na base de todo o problema. “Essas informa\u00e7\u00f5es (que aparecem no estudo) sempre foram vis\u00edveis. \u00c9 muito \u00f3bvio. Est\u00e1 ligado \u00e0 quest\u00e3o s\u00f3cio-econ\u00f4mica, \u00e0 qualidade de vida dessas pessoas. A maioria vive\u00a0em lugares insalubres, corti\u00e7os, pens\u00f5es lotadas, barracos com esgoto a c\u00e9u aberto'', afirma Helcio Beuclair, idealizador e coordenador pol\u00edtico do coletivo Arouchianos, que re\u00fane a comunidade que frequenta\u00a0o Largo do Arouche, no centro de S\u00e3o Paulo.

Soropositivo desde 2015, auto-referido “pardo'' (“meu pai era negro''),\u00a0Beuclair conta que ele pr\u00f3prio foi v\u00edtima da inefici\u00eancia das campanhas de preven\u00e7\u00e3o. “Quando contra\u00ed o HIV, nem sabia da exist\u00eancia da PEP (Profilaxia P\u00f3s-Exposi\u00e7\u00e3o ao v\u00edrus da Aids).

Pesadelos e alucina\u00e7\u00f5es

Ele sugere que o blog converse com o militante soropositivo\u00a0Carlos Henrique de Oliveira, 25 anos, fundador do coletivo Loka de Efavirenz (refer\u00eancia a um medicamento que, segundo Oliveira, provocava efeitos colateriais violentos nos usu\u00e1rios, como “pesadelos e alucina\u00e7\u00f5es''). “A proposta dele \u00e9 terrorista mesmo'', afirma Beuclair. “N\u00e3o adianta ir no di\u00e1logo: quem s\u00e3o eles na The Week? (boate cujo ingresso, para quem n\u00e3o \u00e9 “membership'', custa R$ 40 “seco'', ou R$ 80 “consum\u00edveis'').

Oliveira conta que, apesar de trabalhar com sa\u00fade p\u00fablica (na \u00e1rea administrativa), ele s\u00f3 recebeu\u00a0o diagn\u00f3stico da infec\u00e7\u00e3o pelo\u00a0v\u00edrus HIV em 2014, quando j\u00e1 estava com os sintomas da Aids. “O erro nem \u00e9 no programa estadual, mas no do\u00a0Pa\u00eds, que enxerga o HIV apenas pelo aspecto biol\u00f3gico: d\u00e1 o rem\u00e9dio e pronto.''\u00a0Ele afirma que\u00a0a mulher negra tem 2,4 vezes mais chance de adoecer de Aids.

 

 

 

 

 

 

 

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