{"page-prev":false,"page-next":false,"blogosfera-options":{"category":[{"link":"http://paulosampaio.blogosfera.uol.com.br/category/sem-categoria/","title":"Sem categoria","descriptions":"","slug":"sem-categoria","size":347}],"page-type":"post","blog-id":"172","site-url":"http://paulosampaio.blogosfera.uol.com.br","author-info":{"title":"Sobre o autor","description":"Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para S\u00e3o Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publica\u00e7\u00e3o de mat\u00e9rias de comportamento e entrevistas com artistas, pol\u00edticos, celebridades, atletas e madames."},"blog-info":{"title":"","description":""},"blog-publicity":"","comentarios":{"show":true,"id":14841428,"disableTitle":true,"displayInline":true}},"blog":{"conteudo":{"titulo":"Candidata do Partido Novo vende bota Louis Vuitton para bancar campanha","autor":"Paulo Sampaio","texto":"

Gabriela Camargo, 31 anos, est\u00e1 frustrada. Candidata \u00e0 deputada estadual em S\u00e3o Paulo pelo Partido Novo, ela tinha em mente vender\u00a016 de seus sapatos de grife para ajudar no patroc\u00ednio\u00a0da pr\u00f3pria campanha. Ent\u00e3o, ela foi\u00a0informada de\u00a0que a\u00a0lei eleitoral n\u00e3o permite. \u00a0“De acordo com o\u00a0registro de candidato, s\u00f3 \u00e9 poss\u00edvel usar o dinheiro de bens que a pessoa declarou no imposto de renda. Ningu\u00e9m declara sapato'', avisou\u00a0a ela o coordenador da campanha, Murillo Ferreira, 32, que anteriormente trabalhou com Marta Suplicy e Michel Temer.

A\u00a0candidata chegou a vender uma botinha Louis Vuitton e um scarpin Louboutin, por R$ 1 mil cada, em um grupo criado s\u00f3 para isso no aplicativo WhatsApp.\u00a0“Pensava em conseguir por volta de R$ 16 mil, o que j\u00e1 seria uma ajudinha'', diz ela, que, na falta dessa possibilidade, resolveu se desfazer\u00a0\u00a0de “umas a\u00e7\u00f5es'' e de sua Pajero Sport 2006, pela qual pede R$ 30 mil. J\u00e1 que n\u00e3o pode usar o dinheiro obtido com a venda dos pr\u00f3prios sapatos, a m\u00e3e e a irm\u00e3 vender\u00e3o os delas. “Minha m\u00e3e tem muito mais que eu. Nunca imaginei que fosse t\u00e3o caro financiar uma campanha.''

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Gabriela Camargo pensava em conseguir\u00a0R$ 16 mil com a venda de seus sapatos, mas o coordenador da campanha informou que s\u00f3 \u00e9 permitido usar dinheiro declarado no Imposto de Renda: “Ningu\u00e9m declara sapato'', disse ele; o modelo da foto \u00e9 da grife italiana Prada (Foto: Fernando Moraes/UOL)

Os n\u00e3o-contaminados

O Partido Novo foi fundado pelo engenheiro carioca\u00a0Jo\u00e3o Amoedo, 55 anos, que fez fortuna no mercado financeiro e, desde 2010, passou a se dedicar\u00a0em tempo integral a um projeto particular de\u00a0renova\u00e7\u00e3o das lideran\u00e7as no Brasil. Seu\u00a0discurso prega uma esp\u00e9cie de “faxina \u00e9tica'' que\u00a0s\u00f3\u00a0admite partid\u00e1rios que n\u00e3o t\u00eam envolvimento com a pol\u00edtica tradicional. Seria um grupo de “n\u00e3o-contaminados''. Amoedo se define como neoliberal, defende bandeiras privatistas e a redu\u00e7\u00e3o dos poderes dos pol\u00edticos. O Estado deve se ater, segundo ele, a\u00a0quest\u00f5es relativas \u00e0\u00a0sa\u00fade, seguran\u00e7a, educa\u00e7\u00e3o, e na promo\u00e7\u00e3o de uma rede de prote\u00e7\u00e3o para quem est\u00e1 na pobreza. De acordo com o Datafolha, o candidato tem \u00a02% de inten\u00e7\u00f5es de votos.

A ideia de isolar todos os desonestos do pa\u00eds na pol\u00edtica e de criar um grupo de desinteressados\u00a0salvadores da p\u00e1tria atraiu Gabriela. Em seu Instagram, ela postou\u00a0um v\u00eddeo onde aparece de rabo de cavalo e cara lavada, com\u00a0a camisa\u00a0de sua campanha, dizendo: “O Novo \u00e9 um partido que surgiu\u00a0da vontade de pessoas normais, que nunca se envolveram com pol\u00edtica, de fazer diferente! Que cansaram de ver tanta baderna e bagun\u00e7a e resolveram fazer alguma coisa pelo nosso pa\u00eds! Eu acredito no Novo porque ele n\u00e3o fica apenas no discurso! O Novo abriu m\u00e3o do fundo partid\u00e1rio! Todo candidato e filiado \u00e9 aprovado pelo crit\u00e9rio ficha limpa! E todos os candidatos, quando eleitos, s\u00e3o obrigados a cortar pelo menos 50% das verbas de gabinete!''

Sem\u00a0ajuda do marido

Gabriela garante\u00a0que n\u00e3o contou com a colabora\u00e7\u00e3o do\u00a0marido. Casada h\u00e1 dez anos com um executivo\u00a0do mercado financeiro, ela\u00a0conta que\u00a0o conheceu quando passava f\u00e9rias em Saint Tropez, no sul da Fran\u00e7a, com a m\u00e3e, o padrastro e a\u00a0irm\u00e3. Prefere omitir a identidade dele, que “\u00e9 muito discreto''. O casal tem dois filhos, uma menina de 7 anos, um beb\u00ea de 1 e 4 meses, e mora com mais duas g\u00eameas e um garoto\u00a0do primeiro casamento dele em uma cobertura de 800 metros quadrados no Itaim-Bibi, zona oeste de S\u00e3o Paulo, cuja sala abriga uma piscina suspensa de 6\u00a0metros de comprimento por\u00a03 de largura. “Minha campanha n\u00e3o tem nada a ver com o neg\u00f3cio do meu marido. \u00a0S\u00e3o duas coisas completamente separadas.''

Para chegar ao apartamento dos Camargo, \u00e9 preciso apresentar o RG na portaria, tirar foto,\u00a0passar por quatro seguran\u00e7as que se comunicam por\u00a0radinhos e atravessar dois port\u00f5es que funcionam como eclusas fluviais. O segundo s\u00f3 abre quando o primeiro se fecha. A voz rob\u00f3tica de um dos seguran\u00e7as, encerrado em um bunker blindado, indica o elevador climatizado e orienta a n\u00e3o pressionar\u00a0bot\u00e3o algum: eles mesmos fazem isso, por controle remoto.

No living de p\u00e9 direito muito alto, dois c\u00e3es da ra\u00e7a Lulu da Pomer\u00e2nia latem alegremente, \u00a0mimetizados no\u00a0ch\u00e3o\u00a0revestido com\u00a0m\u00e1rmore cor de areia, do mesmo tom dos quatro sof\u00e1s grandes, cada um com capacidade para cinco pessoas; na parede acima de um deles, h\u00e1 seis guitarras penduradas, quatro da marca Gibson\u00a0e duas Fender, e\u00a0por toda a sala espalham-se esculturas e trabalhos assinados por artistas renomados (ela pede para n\u00e3o publicar seus nomes). \u00a0“S\u00e3o s\u00f3 artistas brasileiros'', diz Gabriela, que tem olhos azuis-intenso, fala r\u00e1pido, comendo as palavras, e passa muito a m\u00e3o nos cabelos longos e negros, especialmente quando a resposta n\u00e3o vem f\u00e1cil.

A plataforma de Gabi

A\u00a0candidata diz que \u00e9 “pr\u00f3-mercado'' e que quer promover “uma ponte entre o privado e o social, para que o dinheiro v\u00e1 direto para as necessidades b\u00e1sicas da popula\u00e7\u00e3o, e n\u00e3o para financiar mordomias e a corrup\u00e7\u00e3o no governo''. N\u00e3o d\u00e1 exemplos pr\u00e1ticos para explicar como viabilizar\u00e1 seu projeto. \u00a0Em seus com\u00edcios, ela\u00a0tem repetido\u00a0que “a gente (o Partido Novo) resolveu se unir contra eles (a classe pol\u00edtica) para fazer diferente''.

Afirma que sua plataforma tem como base a educa\u00e7\u00e3o, a sa\u00fade e a gera\u00e7\u00e3o de empregos. “A educa\u00e7\u00e3o \u00e9 o mais importante, mas eu percebi recentemente, pesquisando na internet, que sem moradia decente a crian\u00e7a n\u00e3o tem condi\u00e7\u00e3o de estudar. Se ela n\u00e3o tem onde fazer a li\u00e7\u00e3o de casa, como vai aprender?'' A filha de Gabriela e os enteados estudam em uma\u00a0escola internacional,\u00a0cuja mensalidade gira em torno dos R$ 10\u00a0mil. \u00a0Ela acredita que a escola p\u00fablica “tem tudo para chegar l\u00e1'': “O Brasil \u00e9 um pa\u00eds grande, com\u00a0uma economia enorme.'' Enquanto n\u00e3o acontece, ela acha que “o foco no ensino p\u00fablico deve ser portugu\u00eas e matem\u00e1tica''. “Filosofia \u00e9 importante, mas a gente est\u00e1 em uma situa\u00e7\u00e3o emergencial.''

Pol\u00edtica no sangue

Apesar de frisar\u00a0que sua candidatura est\u00e1 fundamentada em um empenho pessoal para transformar o Pa\u00eds,\u00a0Gabriela\u00a0diz que sempre adorou pol\u00edtica. “Pol\u00edtica \u00e9 assim, n\u00e9?, quando a gente gosta, est\u00e1 no sangue. Li muito sobre o assunto.'' A princ\u00edpio, ela queria estudar para ser jornalista. Chegou a cursar dois anos de Ci\u00eancias Sociais e Publicidade na Unifor (Universidade de Fortaleza), quando passou uma temporada morando com a av\u00f3 no Cear\u00e1. De volta a S\u00e3o Paulo, fez um semestre de jornalismo na Fiam (Faculdades Integradas Alc\u00e2ntara Machado) e terminou Publicidade na Anhembi-Morumbi: “S\u00f3 n\u00e3o fiz o TCC (trabalho de conclus\u00e3o de curso).''

Durante um tempo, teve uma confec\u00e7\u00e3o de roupas com a irm\u00e3, e chegou a abrir uma loja no Shopping Center Norte, de frequ\u00eancia popular, chamada Aparecida (“por causa da santa''). “Mas n\u00e3o deu certo. \u00c9 praticamente imposs\u00edvel manter uma loja e rodar o neg\u00f3cio em um shopping'', diz.

Eleitora de Lula em 2002 e 2006, ela diz: “Claro que j\u00e1 fui de esquerda! Eu era jovem, fazia ci\u00eancias sociais!'' Na ocasi\u00e3o, a candidata se encantou\u00a0com a leitura do cl\u00e1ssico vintage “A Engrenagem'', do fil\u00f3sofo franc\u00eas\u00a0Jean Paul Sartre (1905-1980), que, em \u00faltima an\u00e1lise, versa sobre “a podrid\u00e3o do poder''. \u00a0Ela afirma que “Lula \u00e9 um g\u00eanio'', mas diz que ficou muito decepcionada com o PT. \u00a0Para deixar claro que n\u00e3o \u00e9 “vol\u00favel'', afirma que n\u00e3o passou a pensar diferente: “Continuo sendo a mesma Gabriela que ia mudar o mundo, s\u00f3 que agora o caminho \u00e9 outro.''

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