{"page-prev":false,"page-next":false,"blogosfera-options":{"category":[{"link":"http://paulosampaio.blogosfera.uol.com.br/category/sem-categoria/","title":"Sem categoria","descriptions":"","slug":"sem-categoria","size":347}],"page-type":"post","blog-id":"172","site-url":"http://paulosampaio.blogosfera.uol.com.br","author-info":{"title":"Sobre o autor","description":"Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para S\u00e3o Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publica\u00e7\u00e3o de mat\u00e9rias de comportamento e entrevistas com artistas, pol\u00edticos, celebridades, atletas e madames."},"blog-info":{"title":"","description":""},"blog-publicity":"","comentarios":{"show":true,"id":14505614,"disableTitle":true,"displayInline":true}},"blog":{"conteudo":{"titulo":"Maridos heterossexuais assumem prazer em ser penetrados por cinta peniana","autor":"Paulo Sampaio","texto":"
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A pr\u00f3tese da cinta peniana pode medir mais de 30 cm (Foto: iStock/UOL)

O primeiro p\u00eanis artificial\u00a0que o empres\u00e1rio mineiro Marcos*\u00a0adquiriu,\u00a012 anos atr\u00e1s, media 15 cm por 3 cm de di\u00e2metro. Casado h\u00e1 18 anos com a publicit\u00e1ria Camila, de 31, ele conta que hoje\u00a0s\u00f3 se satisfaz com um instrumento de no m\u00ednimo 25 cm por 8 cm. Tanto ele como ela gostam de ser penetrados. “Eu fui jogador de futebol profissional, e convivi com muitos atletas bissexuais.\u00a0Onde s\u00f3 tem homem, sempre acaba rolando sexo. No ex\u00e9rcito, \u00e9 a mesma coisa. Mas eu nunca tinha experimentado nada do padr\u00e3o da cinta peniana (popularmente conhecida como 'cinta caralho' ou 'cintaralho')'', conta o empres\u00e1rio\u00a0de 43 anos.

Aos 32, Marcos\u00a0teve de se afastar do futebol\u00a0por conta de uma les\u00e3o no joelho esquerdo. Na ocasi\u00e3o, Camila\u00a0esperava um filho. “Foi uma gravidez de risco, e ela quase n\u00e3o podia se mexer. Para n\u00e3o me deixar sem sexo, teve a ideia de brincar no meu \u00e2nus. Eu sempre gostei de ser estimulado atr\u00e1s. Primeiro, ela dava linguadas\u00a0e enfiava de leve os dedos. E n\u00e3o fazia s\u00f3 para me dar prazer; ela gostava de me 'comer'.\u00a0Passado um tempo, comprei a cintaralho'', lembra. “No in\u00edcio, aguentava s\u00f3 um pouco, mas ent\u00e3o ela passou a introduzir\u00a0mais e mais.''

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Camila se casou com Marcos de v\u00e9u e grinalda, na igreja e com\u00a0festa: “Tudo come\u00e7ou nos moldes tradicionais'', conta ela. “Os experimentos no campo sexual aconteceram naturalmente, e o relacionamento foi ficando cada vez melhor.'' Na opini\u00e3o dela, muitas mulheres se mostram preconceituosas quando se fala de homens que sentem prazer no \u00e2nus, por uma “quest\u00e3o cultural'': “N\u00e3o somos preparadas para esse tipo de situa\u00e7\u00e3o. Muitas acham que, se o marido gosta de ser penetrado, \u00e9 porque \u00e9 viado.''

Pousada liberal

Depois que a filha do casal nasceu, eles passaram a frequentar clubes de troca de casais fora de Belo Horizonte — para evitar conhecidos indiscretos — e encontros de\u00a0praticantes do sexo livre em ch\u00e1caras e s\u00edtios. As brincadeiras evolu\u00edram. Camila\u00a0passou a transar com outros homens e mulheres, Marcos idem.

Sup\u00f5e-se que \u00e9 preciso muita seguran\u00e7a no pr\u00f3prio\u00a0casamento, para topar “dividir'' o marido (e a mulher) com tanta gente\u00a0—\u00a0e tamb\u00e9m para se entregar intimamente a pessoas de ambos os sexos. Camila diz que se sente \u00a0“uma privilegiada''.\u00a0\u00a0“Eu e o Marcos falamos tudo um para o outro, n\u00e3o h\u00e1 segredos entre n\u00f3s. Ele \u00e9 mais que meu marido; \u00e9 meu amigo, meu amante.''

O casal est\u00e1 prestes a inaugurar uma “pousada liberal'' em BH, com 10 apartamentos, piscina e pista de dan\u00e7a. “A ideia \u00e9 organizar uma festinha por m\u00eas'', diz Marcos, que frequenta com a mulher cerca de 10 grupos de casais no aplicativo whatsapp.

Mercado quente

De acordo com o site MercadoErotico.org, que re\u00fane 11.253\u00a0empresas nacionais do ramo, o setor movimenta R$ 1 bilh\u00e3o por ano. Nos \u00faltimos 12 meses, houve um crescimento de 20% nas vendas de acess\u00f3rios para casais heterossexuais. As mulheres compram mais.

Pesquisa feita na semana passada com 2.298 casais h\u00e9teros pela rede social de sexo e swing\u00a0\u00a0sexlog.com, na qual\u00a0Marcos e a mulher conheceram muitos de seus parceiros, revelou que:

Em rela\u00e7\u00e3o a iniciativa de comprar a cinta — se foi do homem ou da mulher — o\u00a0sexlog.com dividiu os dados\u00a0por\u00a0anos de relacionamento:

HomemMulher
At\u00e9 5 anos43%57%
Entre 5 e 10 anos55%45%
Mais de 10 anos58%42%
Mais de 20 anos60%40%

 

Constrangimento a princ\u00edpio

Para o servidor p\u00fablico paulista Gustavo, 42 anos, o processo foi um pouco mais delicado que o de Marcos. Casado h\u00e1 12 anos com Carla, uma secret\u00e1ria de 31, ele conta que j\u00e1 havia tido rela\u00e7\u00f5es sexuais com travestis e sempre quis comprar uma cinta peniana — mas n\u00e3o sentia “abertura'' para contar para a mulher: “No come\u00e7o, quando eu tocava nesse assunto, ela ficava constrangida'', lembra ele. “Mas aos poucos eu a convenci a experimentar acess\u00f3rios mais leves, at\u00e9 que\u00a0comprei um vibrador.''

Carla acredita\u00a0\u00a0que o constrangimento, em muitas mulheres, \u00e9 maior que o\u00a0preconceito: “Elas querem experimentar, mas ficam sem gra\u00e7a de admitir.'' No caso dela, houve necessidade de se “adaptar \u00e0 novidade''. “Sou bastante curiosa, mas isso n\u00e3o basta. Ambos precisam ter a mente aberta. Caso contr\u00e1rio,\u00a0voc\u00ea n\u00e3o consegue manter o clima.'' Carla acha\u00a0que, se n\u00e3o tivesse compartilhado com o marido as fantasias dele (que se revelaram dela tamb\u00e9m), seu casamento seria como milh\u00f5es\u00a0de outros. “Ele continuaria fazendo o que faz, s\u00f3 que sem me contar nada.''

N\u00edvel alto de exig\u00eancia

Como no caso de Marcos e Camila, a vida sexual de Gustavo e Carla, que tem dois filhos de 12 e 4 anos, se tornou “muito mais ativa''. Al\u00e9m de conhecer muitos adeptos do swing, eles se tornaram usu\u00e1rios de acess\u00f3rios como as bolinhas tailandesas (que se introduzem no \u00e2nus e vagina) e o anel peniano (que aperta o membro na base e segura o sangue, mantendo a ere\u00e7\u00e3o por mais tempo).\u00a0“Vejo muitos casais 'tradicionais' que est\u00e3o junto h\u00e1 tanto tempo quanto a gente, e n\u00e3o transam h\u00e1 meses, \u00e0s vezes h\u00e1 mais de um ano'', diz Gustavo.

Ele reconhece que, por outro lado, o fato de ter experimentado tantas alternativas elevou seu\u00a0“n\u00edvel de exig\u00eancia'' em rela\u00e7\u00e3o ao sexo. \u00a0Afirma\u00a0que uma transa 'tradicional' (executada apenas com o instrumento que Deus lhe deu) n\u00e3o o satisfaz mais. Para dar uma ideia, o p\u00eanis de sua cinta tem 22 cm, e ele o considera “mediano''. Lembrando que, no caso do acess\u00f3rio, est\u00e1 sempre rijo.

S\u00f3 sexo?

E se houver envolvimento afetivo com terceiros? “\u00c9 um risco “, diz Gustavo. “Maior para o homem, porque a mulher tende a se envolver, ou querer uma continuidade. Para n\u00f3s \u00e9 mais f\u00e1cil fazer apenas sexo.'' A prop\u00f3sito, todos os casais entrevistados garantem que s\u00f3 fazem\u00a0sexo protegido, por maior que seja o n\u00famero de parceiros envolvidos.

E por que Gustavo precisou contar para a mulher a respeito de sua\u00a0atividade sexual extra-conjugal? Ele diz que n\u00e3o se tratava de uma quest\u00e3o de fidelidade, mas de lealdade. “Hoje, somos c\u00famplices. N\u00e3o h\u00e1 risco de trai\u00e7\u00e3o, porque fazemos juntos. E por incr\u00edvel que pare\u00e7a, nosso relacionamento ficou muito mais saud\u00e1vel.''

Modelos e valores

O pre\u00e7o da cinta peniana pode variar de R$ 20 at\u00e9 mais de R$ 120 reais. L\u00edder no mercado brasileiro e latino americano, a f\u00e1brica de acess\u00f3rios er\u00f3ticos Hot Flowers, localizada em Indaiatuba (cidade a 100km de S\u00e3o Paulo), vende 5 mil \u00edtens mensais e confecciona sete modelos de pr\u00f3tese, que variam n\u00e3o s\u00f3 de acordo com o tamanho (de 15cm a 25cm) mas tamb\u00e9m na apresenta\u00e7\u00e3o.

H\u00e1 desde a cinta sem a pr\u00f3tese (que o cliente escolhe \u00e0 parte e encaixa em um plug), at\u00e9 as com vibrador. E ainda\u00a0os extensores penianos, que tamb\u00e9m variam de tamanho e o usu\u00e1rio usa como uma capa sobre o pr\u00f3prio membro.

Observa\u00e7\u00e3o: embora a Hot Flowers n\u00e3o fabrique pr\u00f3teses maiores do que 25 cm, h\u00e1 modelos de at\u00e9 31 cm no mercado.

Pouco pr\u00e1tico

A\u00a0empres\u00e1ria Lia, 61, e o aposentado\u00a0Adalberto, 60, n\u00e3o consideram a cinta peniana pr\u00e1tica. O modelo deles\u00a0tem tr\u00eas “vetores'': a pr\u00f3tese e dois pinos. A pr\u00f3tese vai no \u00e2nus de Adalberto, e os pinos no \u00e2nus e na vagina de Lia. “Prefiro fazer na m\u00e3o'', diz Lia, e mostra uma foto de seu pulso enterrado no centro das n\u00e1degas do parceiro. “O problema da cinta com tr\u00eas pinos \u00e9 que voc\u00ea n\u00e3o consegue manter tudo dentro e, ao mesmo tempo, fazer o movimento. Um dos pinos, ou a pr\u00f3tese, acabam saindo'', diz ela.

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Lia, Adalberto e a cinta, em um caf\u00e9 no centro de S\u00e3o Paulo: “pouco pr\u00e1tica'' (Foto: Paulo Sampaio/UOL)

Lia \u00e9 casada h\u00e1 35 anos, e Adalberto \u00e9 separado h\u00e1 7 de\u00a0uma mulher com quem viveu\u00a0por 25 anos. Cada um tem uma filha; a de Lia tem 35 anos, a de Adalberto, 14. Ele conheceu Lia h\u00e1 12 anos em um chat de sexo na Internet. Embora os dois n\u00e3o fa\u00e7am esfor\u00e7o para esconder (nem divulgar) suas pr\u00e1ticas, tanto a ex-mulher de Adalberto quanto o marido de Lia n\u00e3o sabem do relacionamento deles \u00a0— ou preferem n\u00e3o tocar no assunto. Muito menos do “alcance'' de suas experi\u00eancias.

A dupla pratica sexo a dois, a tr\u00eas e a mais, e n\u00e3o rejeita praticamente nenhum tipo de demanda. \u00a0Suas experi\u00eancias v\u00e3o muito al\u00e9m da cinta peniana — que acabou sendo “descontinuada'' nas rela\u00e7\u00f5es deles, por absoluta inadequa\u00e7\u00e3o. Adepta do sadomasoquismo, Lia mostra uma foto de suas n\u00e1degas muito avermelhadas, no momento em que outra mulher a espanca de chicote em uma festa no interior.

Os dois\u00a0se definem como heteroflex\u00edveis. Transam com pessoas de ambos os sexos, sendo que\u00a0quem faz a triagem dos parceiros em potencial, na maioria das vezes, \u00e9 ele. “N\u00e3o tenho paci\u00eancia para essa parte'', diz Lia. “Quero tudo mastigado.'' Ambos afirmam que nunca se apaixonaram por seus parceiros eventuais. “\u00c0s vezes, no meio da bagun\u00e7a, algu\u00e9m troca um olhar mais demorado com voc\u00ea, e \u00e9 gostoso, mas fica nisso'', conta\u00a0Lia.

\u00c9 pique, \u00e9 pique

Pelo que se verificou na conversa com os tr\u00eas casais entrevistados nesta reportagem, as festas sexuais fechadas est\u00e3o em alta. Todos responderam que preferem frequentar s\u00edtios, ch\u00e1caras ou mesmo casas alugadas\u00a0do que clubes de swing (troca de casais) propriamente ditos.

Por sinal, Adalberto alugou a su\u00edte master de um motel em\u00a0S\u00e3o Paulo para comemorar seus 60 anos \u00a0no s\u00e1bado, 21, em grande estilo. Resta desejar a ele\u00a0um feliz anivers\u00e1rio, e seja o que Deus quiser. \u00c9 pique, \u00e9 pique!

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