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Paulo Sampaio

Em clube de sexo, funcionário público chicoteia traseiro de empresário

Paulo Sampaio

09/04/2018 05h05

Enquanto os finalistas do Mr. Leather Brasil 2018 se preparavam para receber o resultado do concurso no bar do clube Eagle, na Bela Vista, região central de São Paulo, no andar de cima cerca de dez homens acompanhavam sem pestanejar a surra de chicote que um funcionário público aplicava no traseiro de um empresário — assim eles se apresentaram ao blog.

Tanto o sádico quanto o masoquista estavam vestidos de couro da cabeça aos pés. O primeiro seguia o estilo "full leather": calça, jaqueta, bota e quepe pretos, tudo fechado. O outro tirou a camisa de couro e deixou amostra apenas a chamada "bondage harness", espécie de top composto por cintos de couro interligados por argolas de metal. O apetrecho está associado à figura do escravo na prática do sexo sadomasoquista. Na parte de baixo, o empresário vestia uma calça que os adeptos do BDSM (bondage, disciplina, submissão, sadismo e masoquismo) chamam de chaps. O modelo cobre as pernas e a parte da frente do usuário, mas deixa expostas as nádegas — para o chicote pegar diretamente na carne.

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Masoquista leva chicotadas se um sádico, em sala do segundo andar do Eagle (Foto: Paulo Sampaio/UOL)

Masoquista meia boca

O barulho do chicote na pele vergastada do masoquista ecoava na sala, e mesmo assim houve quem reclamasse de falta de vigor. "Esse masoquista é meia boca", opinou um dos espectadores. "Ele disse ao sádico que quando não quisesse mais levar chicotada, pediria para parar. Você já viu masoquista pedir para parar de apanhar? Ele tem de chegar ao ponto de implorar." Por sorte, o chicote não estava na mão do autor do comentário.

Apesar da maestria com que aplicou as chicotadas, o funcionário público disse depois da sessão sadô-masô que só bateu porque o outro pediu: "Eu não sou sádico aficcionado, mas ele pediu tanto que eu bati. E, depois, não é todo dia que a gente tem a chance de chicotear um empresário."

Por sua vez, o masoquista explicou que "mais da metade" do prazer dele está em protagonizar aquela cena "com platéia": "Gosto que as pessoas se excitem em me ver apanhando." Mas não só. Pouco tempo depois, na sala dos fundos, ele se juntou a mais três homens em uma sessão de sexo em grupo. Relativamente apaziguado, desceu para o bar e pediu um drinque colorido.

 

Sobre o autor

Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames.