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Paulo Sampaio

O cara me pegou à força para transar, eu fugi chorando, diz ex-pantera

Paulo Sampaio

13/09/2018 04h15

Luciana Pereira, 44 anos, vencedora do Baile das Panteras em 1995, conta que durante muito tempo algumas amigas de longa data não a convidavam para as festas de aniversário dos filhos, "com medo que a capa da Playboy seduzisse o marido delas". "Eu não tinha filhos, e essa era uma boa desculpa para me 'desobrigar' a ir às festas. Mas eu sabia que o motivo era outro…"

Nascida no Tatuapé, zona leste de São Paulo, Luciana conta que foi uma "papa concursos".  Além de sagrar-se pantera, ela ganhou o "Garota Grand Prix", da Fórmula 1, e o "Garota Verão".  "Eles queriam mudar o nome para 'musa do Rio', mas aí a musa era de São Paulo, não dava."

Fio dental e cabelão

Ela conta que, apesar de ter ajudado a melhorar a vida de toda a família, seus pais não aprovavam sua participação em concursos: "Eles não gostavam muito daquilo, pensavam coisas como: "O que será que ela está aprontando agora?"'

Quando se sagrou pantera, Luciana usava biquíni fio dental e cabelão na cintura — mas nunca caiu do salto. "Você tinha de saber exatamente para quê aquilo tudo servia, e não perder o equilíbrio. As cafetinas me ligavam, ofereciam dinheiro, mas eu nunca fui babadeira."  Na entrevista abaixo, Luciana fala do perigo enfrentado por quem acredita ser "pantera para sempre".

Luciana Pereira, hoje (Foto: Arquivo Pessoal)

Blog — Como é, para uma mulher que foi pantera aos 21 anos, estar com 44?

Luciana Pereira — Você tem de acompanhar a passagem do tempo, sem cair na besteira de achar que vai ser "musa"para o resto da vida. É legal saber que aquilo tudo aconteceu, e que passou. Imagina eu querer concorrer com a meninada de 20. O problema de muitas mulheres lindas é viver do passado. Algumas entram em depressão. Eu vejo postarem no Instagram fotos antigas, gente, vira a página.

Blog —O que o concurso trouxe de imediato?

Luciana — A exposição, quando bem usada, rende muito trabalho. Ganhei dinheiro e soube guardar. O concurso mudou a minha vida e a da minha família. Na época, o cachê que a Playboy pagava dava para comprar um carro. Mas não era só isso. Havia muitos convites para apresentar eventos, modelar, fazer figuração em festa. E eu trabalhei fora do Brasil. Sem contar o ganho indireto. Eu era VIP em todas as festas, ganhava roupas, sapatos e bolsas de todas as marcas.

Blog — Tinha namorado?

Luciana — Não. Eu achava que tinha muito mundo para aproveitar. Viagens, trabalho.

Blog —Na época em que você era "papa concurso", recebia muitas propostas indecorosas?

Luciana — Sim. Uma cafetina uma vez me ligou e disse: "Todo mundo fala que você faz programa. Por que você está rejeitando minha proposta?". Ela tinha me oferecido R$ 10 mil. Mas eu nunca fui babadeira, micheteira. Eu jamais pensei em aceitar esse tipo de convite. Pensava: gente, Deus está me dando tanta oportunidade, eu não preciso disso.

Blog — As mulheres também assediavam?

Luciana — Teve uma chamada Andréa que descobriu meu telefone e meu e-mail. Ligou, eu expliquei que não tinha atração por mulheres e, graças a Deus, ela entendeu e não insistiu.

Blog — Foi sexualmente abusada?

Luciana — Houve momentos traumáticos. Uma vez, um empresário me chamou para uma festa no Maranhão, pagou metade do cachê adiantado, eu fui. Quando chegou lá, ele me pegou pelo braço com força, para me levar para transar. "Você vai comigo!",  ele gritava. Sacou o revólver, deu um tiro pro alto, foi um pega pra capar. Ele tinha uns 30 e poucos anos. Os funcionários da casa noturna tiveram de me trancar no escritório. Ele socava a porta, queria arrombar. Saí pelos fundos, chorando.

Blog —Nunca pensou em ter filhos?

Luciana — Não me fez falta. Penso em adotar uma criança. Na época em que poderia ter tido, eu fiz a opção pelo trabalho.

Blog — Uma mulher que foi e continua linda?

Luciana — Bruna Lombardi. Fez plástica, claro, é uma senhora, mas eu fico impressionada com a beleza dela.

 

Sobre o autor

Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames.