Investidor, detentor do IG, é condenado na Justiça por agressão à mulher
O empresário português Nuno Vasconcellos, 53 anos, investidor e controlador do portal IG, foi condenado a um ano e quatro meses de detenção em regime aberto, por agredir a mulher, a modelista Daniela Rodrigues Moreira, 32, com quem morava havia cinco anos. O episódio ocorreu no dia 6 de fevereiro de 2014, no apartamento onde os dois viviam, em Moema, zona sul de São Paulo. Daniela, que não tem filhos com Nuno, era a segunda mulher dele. A primeira foi Maria Alexandra Mascarenhas, com quem ele teve duas filhas.
De acordo com o boletim de ocorrência, registrado no 11º Distrito Policial, em Santo Amaro, zona sul de SP, Daniela estava na suíte do casal quando Nuno chegou do trabalho, e os dois começaram conversar. O diálogo evoluiu para uma discussão, e ela saiu em direção ao quarto de sua filha, de 8 anos, que morava com eles. Nuno foi atrás. Tentou segurá-la para que voltasse à suíte, mas ela o empurrou. Descontrolado, ele aplicou um pontapé na coxa direita da mulher e, em seguida, um soco em seu rosto. Com o impacto, ela bateu a cabeça na parede, o que provocou uma lesão na testa. Em nova tentativa de se desvencilhar dele, Daniela levou outro soco, desta vez nas costas, e caiu no chão.
Nesse momento, segundo relatou, ela começou a gritar pelo nome da empregada e o da filha. Enquanto as duas a socorriam, Nuno a ameaçou: "Se você romper o relacionamento comigo, eu acabo contigo." Com muitas dores nas costas, Daniela deu entrada no pronto-socorro do Hospital Santa Paula, na Vila Olímpia, onde foi medicada com analgésicos.
Uma semana depois, ela esteve no 96º DP para solicitar medidas protetivas de urgência contra o ex-companheiro. Pedia que ele saísse de casa e que se mantivesse a uma distância segura dela e de sua filha. Em seu depoimento, Daniela relatou que vinha sofrendo agressões de Nuno desde outubro de 2013.
Lesões e dificuldade de se mover
No dia 25 de fevereiro, a empregada do casal, Celiana Zanardini Azeredo, esteve no 96º DP para prestar depoimento. Contou que no dia 6 estava em seu quarto quando, por volta das 22 horas, ouviu os gritos de socorro de Daniela. Disse que não presenciou as agressões, mas ouviu quando a patroa a chamou e, ao chegar no quarto, viu as lesões no corpo dela e pode constatar a dificuldade que tinha para se mover. Apesar de o marido ter se oferecido para levar Daniela ao hospital, quem a acompanhou foi a empregada. Segundo Celiana, o apartamento é monitorado por câmeras de segurança, inclusive na suíte do casal, mas Nuno teria apagado as imagens daquele dia.
O empresário foi enquadrado na Lei Maria da Penha por agressão doméstica, lesão corporal e ameaça.
Em seu depoimento, Nuno disse que o motivo da discussão foi a festa de aniversário de uma de suas filhas, que mora em Portugal. Por considerar que a presença de Daniela poderia causar mal estar na família, ele tentou convencê-la a não ir. Ela reagiu mal, segundo ele, por ser muito ciumenta. Passou a agredi-lo verbalmente, arranhá-lo no pescoço e deu um tapa em seu rosto. Para demonstrar que Daniela tem capacidade de enfrentá-lo fisicamente, o empresário afirmou que ela mede 1,80 m de altura e pratica muaythai. Por isso, numa tentativa de se esquivar dos avanços da mulher, ele a empurrou, ela tropeçou em um pufe e caiu de costas — daí as dores.
O empresário entrou com recurso da decisão judicial, mas a pena foi mantida na segunda instância. Ele ainda tentou um embargo de declaração, sem sucesso. No fim do mês passado, os desembargadores da 9a. Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo reiteraram a sentença.
Procurada pelo blog, Daniela não quis falar no assunto.
A advogada Verônica Carvalho Rahal, do escritório que representa Nuno Vasconcellos, também preferiu não se manifestar.
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