Cães se refestelam com "vinho" em lançamento de grife pet de Adriana Barra
Sem conter a emoção, uma mulher abandona sua Captiva praticamente atravessada na esquina da Alameda Franca com Rua Haddock Lobo, no coração dos Jardins, zona oeste de São Paulo, e corre para abraçar um cachorro da raça Jack Russell. Toda de preto, com uma farfalhante saia plissada, ela pega Sofia no colo: "Oh, meu Deus, meu Deus, coisa mais linda, sempre quis um cachorro dessa raça!", exclama ela, enquanto o trânsito engarrafa. A mulher leva o animal até o carro, que está com a porta aberta, para sua assistente fazer um carinho nele. O criador estende seu cartão, ela ri extasiada. "Olha! Ele adestra essas coisas fofas, ahhhhhhhh!"

Renata Vincintin e Adriana Barra comandam o luau-auau (Foto: Paulo Sampaio/UOL)
Estamos no lançamento da primeira linha pet da estilista Adriana Barra, "famosa por suas estampas atemporais". No gramado à porta da loja, instalou-se um "Luau-au-au" em torno dos cães. A linha, desenvolvida em parceria com a marca RV Hunter, de Renata Vicintin, tem lenços, cabanas, almofadas e casinhas com estampas inspiradas na cultura havaiana.
Os organizadores disponibilizam vinho e cerveja "de cachorro", enquanto vários animais impecavelmente penteados passeiam cheios de aplomb pelo gramado à porta da loja.
As reações dos transeuntes divergem. A maioria age como a motorista da Captiva, soltando gritinhos, dando pulos e mugidos. Mas de repente aparece uma mal humorada, que pergunta se os cães estão à venda, ou "apenas expostos para divertir os humanos".
A mulher tem cerca de 60 anos, usa óculos estilo aviador, cabelos lisos despenteados, jeans e camiseta; está acompanhada de um jovem que saltita dentro de uma roupa muito justa, com um bulldog francês levado por uma coleira vermelha. Quando descobre que a resposta à sua pergunta é "nenhuma das duas", a mulher tenta expressar sua desaprovação, mas o rosto paralisado por cirurgias plásticas não dá conta do gesto. Ela sai balançando a cabeça negativamente.
Dentro de um vestido de estampa atemporal, Adriana Barra beberica um drink em uma taça grande e redonda, e lamenta as escolhas da mídia: "Você investe tempo, dinheiro, trabalho para criar uma coleção como essa, e de repente o que vende é o mau gosto. A gente fica sem ter o que dizer", afirma ela, explicando que a mídia hoje valoriza o que dá cliques na Internet, e isso pode estar mais ligado a bizarrice do que à sofisticação. Seu tom não é de ressentimento, é de lamentável constatação.
Assim como as roupas de sua própria Adriana, as dos cães também têm estampas atemporais. Custam entre R$ 56 a R$ 1790. Seu cãozinho vai adorar.
São 20h e o luau está próximo do fim. "Au, au", late um Border Collie meio entediado.
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