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Paulo Sampaio

Guerra familiar: surge outro herdeiro do Hotel Maksoud Plaza, em SP

Paulo Sampaio

18/12/2017 08h00

Até agora, a novela envolvendo os herdeiros do Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, contava com quatro personagens principais. Roberto e Claudio, filhos de Henry Maksoud, patriarca e fundador do hotel; Henry Maksoud Neto, primogênito de Roberto, que atualmente administra o hotel junto com Georgina Celia Maksoud, nascida Bizerra, que era amante de Maksoud e acabou se casando com ele em março de 2011, em regime de separação total de bens. Os dois últimos são "herdeiros testamentários" do patriarca. O testamento é contestado judicialmente pelos irmãos Maksoud.

Por volta de 2005,  surgiu uma nova herdeira. Vera Lúcia Barbosa, hoje com 66 anos, apareceu alegando ser filha de Henry Maksoud com uma cozinheira chamada Jaci, que trabalhava na casa da mãe dele. O processo de reconhecimento de paternidade foi distribuído em 15 de março de 2006, na 4a. Vara de Família e Sucessões de SP. Correu em segredo de justiça durante oito anos.

Ex-únicos herdeiros

Quando Vera nasceu, em 14 de janeiro de 1951 (segundo a certidão), Henry Maksoud tinha 21 anos e era estudante de engenharia. Aparentemente, ele não ficou sabendo da gravidez da cozinheira — e ninguém na ocasião atribuiu a ele a paternidade da criança. Em 1952, Maksoud embarcou para os Estados Unidos para fazer um mestrado em  "mecânica dos fluidos". Em Iowa, conheceu a filipina Ilde Birosel,  que também tinha ido de seu país para estudar. Os dois se casaram em outubro de 1953; Roberto nasceu em agosto do ano seguinte. Claudio, em janeiro de 1956.  Cinquenta anos depois, em 2003, Maksoud se divorciou de Ilde e, oito anos mais tarde, se casou com Georgina.

Vera Lúcia Barbosa, agora Maksoud, entre os irmãos, Cláudio e Roberto

Nem morto

Morto em 17 de abril 2014, Henry Maksoud se recusou até o fim da vida a se submeter ao exame de DNA. De recurso em recurso, o processo chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), até que seis meses depois da morte dele o poder judiciário reconheceu a paternidade. Tratou-se de uma "paternidade por presunção", como se diz no jargão jurídico quando não há exame de DNA.

Para  efeitos legais, Vera tem os mesmos direitos dos irmãos. Assim, subiu para três o número de "herdeiros necessários" do espólio da família, como são chamados judicialmente aqueles que estão em linha sucessória direta.

O empresário Henry Maksoud não reconheceu Vera como filha e recusou-se a fazer o teste de DNA (Foto: Divulgação)

Filha adotiva

Procurada pelo blog, Vera chegou a marcar um encontro, mas desistiu na última hora. A pessoas próximas, ela costuma se queixar de que não teve uma vida fácil como a de seus "irmãos milionários". Ainda criança, foi adotada por um casal que, de acordo com seus relatos, não tinha nenhuma consideração por ela. Um dia, Mariza Barbosa, a mãe adotiva, apontou para uma foto de Henry Maksoud na revista Caras e disse: "Se você quer uma vida melhor, vá atrás de seu pai verdadeiro!"

Segundo fontes ligadas a Vera, ela conta que até ali não tinha ideia de quem era seu pai biológico; e que então procurou Jaci, de quem nunca perdera inteiramente o contato, para perguntar sobre ele. A mãe teria pedido – ainda segundo Vera — que não procurasse Maksoud. Ela respeitou sua vontade, mas apenas até que Jaci morresse. Aí, foi atrás de seus direitos.

No dia 14 de junho de 2016, data em que festeja seu aniversário, Vera comemorou publicamente em seu Instagram a "vitória".

(Foto: Reprodução/Instagram)

Em setembro do mesmo ano, a nova herdeira do empresário se tornaria Vera Maksoud. Na certidão, onde a data de seu aniversário é 14 de janeiro, ela aparece como filha de Henry Maksoud e Mariza Barbosa, sua mãe adotiva.

Solteira, sem filhos, Vera Maksoud participa de um grupo de maratonistas chamado Gatas na Pixta (https://gatasnapixta.com). Diz no site do grupo que corre desde os 45 anos. Em seu Instagram, ela costuma postar fotos treinando e também com amigos, e textos com "lições de vida".

(Foto: Reprodução/Instagram)

(Foto: Reprodução/Instagram)

Recentemente, Vera rompeu os ligamentos do tornozelo direito e precisou se submeter a um tratamento prolongado para se recuperar completamente. Amigos ajudaram a custeá-lo. Ela ainda não havia vendido sua parte na herança (leia o post de amanhã), cuja negociação lhe garantiu um "salário" fixo por 20 anos.

Sobre o autor

Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames.