Mais de 20 grupos LGBT acusam prefeito de SP de ignorar carta protocolada
Mais de vinte representantes de entidades LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Trangêneros) enviaram ao prefeito Bruno Covas uma carta protocolada (publicada no fim deste texto), cobrando dele uma postura em relação à substituição do coordenador de Política LGBT na secretaria municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Ivan Inácio Batista, pelo ativista Marcos Freitas. Integrantes do Movimento Social Organizado, que assina a carta, afirmam que já haviam mandado a Covas mensagens por e-mail e WhatsApp, "mas o prefeito ignorou".
A secretária Eloísa Arruda teria decidido afastar Batista da coordenadoria depois de receber reiteradas queixas das entidades LGBT ao trabalho dele.
Situação inédita
Embora Freitas esteja cumprindo expediente há cerca de um mês, ele ainda não foi formalmente nomeado — nem Batista formalmente exonerado: "É uma situação inédita, um funcionário de terceiro escalão levar tanto tempo para assumir o cargo", surpreende-se Nelson Matias Pereira, do conselho fundador da Parada LGBT. "Marcamos uma reunião de boas-vindas com o Marcos, fomos lá, nos colocamos à disposição, e uma semana depois ele ainda não tinha sido nomeado. Fica difícil saber quem, afinal, responde pelo cargo."
O grupo que se opõe à decisão da secretária de pedir o cargo do coordenador acredita que a origem da confusão estaria em um desentendimento entre ela e a vereadora Adriana Ramalho, do PSDB. Adriana reclamou no plenário que não vinha sendo atendida por Eloísa. Em resposta, a secretária enviou uma "carta aberta" à presidência da Câmara, queixando-se de que recebera "ofensas morais", o que aumentou o desgaste entre as duas.
Como Batista é presidente municipal da Diversidade Tucana — movimento LGBT do PSDB — e estaria mais ligado a Adriana, os opositores de Eloísa afirmam que ela dispensou o coordenador como retaliação às críticas da vereadora.
À deriva
Na Diversidade Tucana, há quem diga que a pressão do movimento LGBT para afastar Batista da coordenadoria tem origem em questões partidárias, uma vez que a maior parte dos militantes está ligada ao PT e ao PSOL. "Eles querem jogar a culpa na gente, mas a questão é entre eles", diz Pereira.
Marcos Freitas também é ligado ao PSDB, mas não teria a mesma força que Batista.
Segundo fontes ligadas a Prefeitura, Bruno Covas teria dito a Batista que continuasse no cargo, desautorizando assim a secretária. Por sua vez, Eloísa não voltou atrás na decisão de nomear Marcos Freitas. Enquanto se aguarda o fim da queda de braço, o impasse na coordenadoria permanece.
Outro Lado
Procurados, o prefeito Bruno Covas e o coordenador Ivan Inácio Batista preferiram não se manifestar.
Até o fechamento desta edição, a assessoria da secretaria de Direitos Humanos e Cidadania não respondeu à ligação do blog, assim como a vereadora Adriana Ramalho.
A Carta
Nós, do Movimento Social Organizado, viemos a público manifestar nosso apoio pela escolha do ativista Marcos Freitas como Coordenador de Políticas LGBTI, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e também manifestar a nossa indignação com o machismo e a falta de respeito contra uma autoridade constituída por uma mulher, Dra. Eloísa Arruda, sendo atropelada em detrimento de um grupo minoritário e sem representatividade no movimento social.
Também repudiamos a forma na qual fomos ignorados pelo Sr. Prefeito Bruno Covas, não dando devolutiva ao nosso pedido, enviado para o email pessoal e institucional do Sr. Prefeito, comunicação que também foi enviada por aplicativo de mensagem e protocolada na Prefeitura de São Paulo.
Somos contrários ao retorno do antigo coordenador, por acreditarmos que é primordial que os diálogos entre a Coordenação e a sociedade civil sejam constantes e, infelizmente, nos dois anos anteriores essa comunicação foi prejudicada em diversos momentos em razão da ingerência por parte do órgão público municipal durante processos de construção coletiva que caberiam à sociedade civil definir e não à Coordenadoria.
Acreditamos que a escolha do novo coordenador é assertiva por ser um nome que não atua apenas nas esferas partidárias, mas também no Movimento Social. O novo coordenador passou pelo Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT, sendo o segundo mais votado do Estado e construiu uma militância suprapartidária em diversos espaços coletivos do Movimento LGBT.
As entidades e coletivos suprapartidários e apartidários que assinam conjuntamente esta carta, solicitam ao Prefeito Bruno Covas uma audiência para tratarmos de pautas coletivas do Movimento e assim inaugurarmos um período de diálogos permanentes e não autoritários com a Prefeitura de São Paulo.
ABRAFH – Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas
Associação Mães pela Diversidade
APOGLBT SP – Associação da Parada do Orgulho LGBT
Clovis Casemiro – Coordenador da Associação Internacional de Turismo LGBT – IGLTA
Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência
Consulado das Famílias
Diversa Cultura e Arte – DAC
Família Braction
Família d' Matthah
Família Durell SP
Família Mad Queen
Família Mó chavão
Família Smorffets
Família Stronger
GADVS – Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero
GAMES (Government Affairs, Media, Entrepreneurs & Supporters)
Grupo Pela Vidda São Paulo
IBRAT – Instituto Brasileiro de Transmasculinidades
Instituto Omindaré
Ivone de Oliveira – Blog Gata de Rodas
ONG Banda do Fuxico
Matheus – Portal Menino Gay
Pedra no Sapato
Salete Campari
Heitor Werneck
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