Político baiano é acusado de estuprar seis em região nobre de SP
Paulo Sampaio
11/10/2017 18h11
De acordo com o delegado, Muniz usava sempre o mesmo modus operandi. Ele se apresentava como policial, político ou diretor da Globo. Com a última vítima, uma mulher de 21 anos abordada no dia 2 de outubro no aeroporto de Congonhas, ele usou uma falsa credencial de diretor do reality show Big Brother Brasil. Depois de oferecer uma participação no programa, ele a atraiu ontem para um hotel, onde a forçou a fazer sexo. "Não havia conjunção carnal, ele obrigava as vítimas a fazer sexo oral, o que, de qualquer maneira, configura crime sexual", diz o delegado.
Solteiro, sem filhos, Muniz nasceu em Jussiape, cidade a 760 km de Salvador e diz ter o segundo grau completo. A partir de 2012, segundo o delegado, ele passou a viajar a São Paulo com frequência. Na cidade, morou em vários lugares, desde hotéis até em casa de familiares. Tem um irmão e um tio vivendo em SP. Segundo o delegado Pereira, quando ainda morava em Jussiape, Muniz teria aplicado um golpe em um tio que morreu de desgosto.
O delegado diz que o criminoso apresenta o perfil de um estelionatário "megalomaníaco". "Ele afirmava que seria presidente da República, dizia para as vítimas que morava em Miami e mostrava fotos dele em um iate, ou ao lado de celebridades como Ronaldinho Gaúcho." Com próprio delegado, no distrito, ele usou uma formalidade fora de contexto: "Queria parabenizá-lo pela excelente operação (que o prendeu)."
Apoiado em um carro esportivo, em foto divulgada nas redes sociais
Muniz está em prisão temporária (por um prazo de 30 dias), mas o delegado diz que vai reunir provas para pedir a prisão preventiva (por um tempo maior, enquanto aguarda o julgamento). "Por enquanto, a ficha não caiu direito. Ele ainda diz não se lembrar das coisas."
O delegado Pereira conta que pretendia trabalhar com mais folga no caso, mas uma das vítimas publicou sua história na rede, e viralizou. Ele afirma que há uma série de mulheres se apresentando como vítimas de Muniz. "Tem um monte de gente caindo de para-quedas, nós precisamos investigar com muita cautela porque senão embola o meio de campo."
Sobre o autor
Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames.