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Político baiano é acusado de estuprar seis em região nobre de SP

Paulo Sampaio

11/10/2017 18h11

A Polícia Civil de São Paulo prendeu hoje o ex-vereador Adson Muniz (PRB-BA), 34 anos, acusado de assediar sexualmente pelo menos seis mulheres na cidade. De abril até agora, foram cinco casos. Monitorado há quase um mês por cerca de 50 policiais, Muniz foi preso em um supermercado na rua Turiassú, em Perdizes, zona oeste. "Nosso receio era que ele pegasse um ônibus para a rodoviária na estação Barra Funda, que fica próximo, e deixasse São Paulo", diz o delegado Marco Antônio Pereira, da 1a. Seccional Centro, que cuida do caso. O cerco ao suspeito foi intensificado a patir da denúncia de uma vítima abordada por ele na sexta-feira 6, quando saía de carro do Empório Santa Luzia, supermercado frequentado pela elite da cidade. Depois de rodar com a mulher durante três horas de carro, abusou dela sexualmente e levou R$ 3 mil.

De acordo com o delegado, Muniz usava sempre o mesmo modus operandi. Ele se apresentava como policial, político ou diretor da Globo. Com a última vítima, uma mulher de 21 anos abordada no dia 2 de outubro no aeroporto de Congonhas, ele usou uma falsa credencial de diretor do reality show Big Brother Brasil. Depois de oferecer uma participação no programa, ele a atraiu ontem para um hotel, onde a forçou a fazer sexo. "Não havia conjunção carnal, ele obrigava as vítimas a fazer sexo oral, o que, de qualquer maneira, configura crime sexual", diz o delegado.

Solteiro, sem filhos, Muniz nasceu em Jussiape, cidade a 760 km de Salvador e diz ter o segundo grau completo. A partir de 2012, segundo o delegado, ele passou a viajar a São Paulo com frequência. Na cidade, morou em vários lugares, desde hotéis até em casa de familiares. Tem um irmão e um tio vivendo em SP. Segundo o delegado Pereira, quando ainda morava em Jussiape, Muniz teria aplicado um golpe em um tio que morreu de desgosto.

O delegado diz que o criminoso apresenta o perfil de um estelionatário "megalomaníaco". "Ele afirmava que seria presidente da República, dizia para as vítimas que morava em Miami e mostrava fotos dele em um iate, ou ao lado de celebridades como Ronaldinho Gaúcho." Com próprio delegado, no distrito, ele usou uma formalidade fora de contexto: "Queria parabenizá-lo pela excelente operação (que o prendeu)."

Apoiado em um carro esportivo, em foto divulgada nas redes sociais

Muniz está em prisão temporária (por um prazo de 30 dias), mas o delegado diz que vai reunir provas para pedir a prisão preventiva (por um tempo maior, enquanto aguarda o julgamento). "Por enquanto, a ficha não caiu direito. Ele ainda diz não se lembrar das coisas."

O delegado Pereira conta que pretendia trabalhar com mais folga no caso, mas uma das vítimas publicou sua história na rede, e viralizou. Ele afirma que há uma série de mulheres se apresentando como vítimas de Muniz. "Tem um monte de gente caindo de para-quedas, nós precisamos investigar com muita cautela porque senão embola o meio de campo."

 

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Sobre o autor

Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames.