65% dos gays no Brasil presenciaram homofobia no trabalho, diz pesquisa
Paulo Sampaio
30/11/2017 09h00
O preconceito no ambiente de trabalho ainda é um obstáculo para o crescimento da população gay no Brasil (Foto: Getty Images)
Uma pesquisa de mercado realizada com 4 mil homossexuais no Brasil revelou que 65 % deles testemunharam episódios de homofobia no trabalho; 50% já sofreram assédio verbal, 19% foram importunados por vizinhos e 8% passaram por violência física.
O levantamento foi feito pela empresa de consultoria norte-americana OutNow, especializada no seguimento LGBT, e teve o apoio do aplicativo de relacionamentos Hornet. Com o título de "Brazil 2017 Report — Out Now Global LGBT2030 Study", a pesquisa foi feita em junho e julho de 2017 e é a primeira de um estudo global que será concluído no ano que vem.
De acordo com cálculos da consultoria, o Brasil abriga uma das maiores e mais dinâmicas comunidades LGBT do mundo. Ainda assim, segundo os pesquisadores, apenas 6% dos mais de 200 milhões de habitantes do país — ou cerca de 9,5 milhões de pessoas –, se declaram lésbicas, gays, bissexuais ou transgêneros.
Embora muitas pessoas com dificuldade de se assumir tenham se sentido seguras para responder à pesquisa anonimamente, os realizadores do estudo afirmam que seus dados "não devem ser tomados como representativos de um censo de qualquer mercado LGBT". Os técnicos explicam que o Brasil é um país grande, de características sócio-economicas bastante diversas, e que a própria comunidade comunidade LGBT (em qualquer lugar do mundo) se caracteriza pela diversidade. Por isso, o CEO da empresa, Ian Johnson, alerta para o fato de que "a média mascara a diversidade".
A maioria dos entrevistados eram homens com idades entre 25 e 34 anos; 67% se descreveram como gays; 18%, como homossexuais e 13% disseram ser bissexuais; 29% têm o curso superior incompleto, 25% concluíram e 20% fizeram pós graduação; 58 % estão empregados e trabalham em regime integral; 34% ganham entre R$ 1.000 e R$ 2.500, e apenas 2% ganham mais de R$ 10 mil; 36% dos entrevistados disseram ser assumidos no trabalho.
Apesar de 78% estarem solteiros, 76% afirmam que pretendem ter uma união civil ou estar casados no futuro; 62% dizem querer ser pais.
Consumo médio
Os entrevistados consomem a cada três meses uma média de R$ 418 com roupas (desse total, R$ 76,50 só com as íntimas de grife); R$ 274 com perfumaria e artigos de higiene; R$ 131, em média, com o cabelo; R$ 157 com tratamentos de beleza, incluindo procedimentos faciais. Sapatos: R$ 242.
Por mês, com comida, a média de gastos é R$ 708; e ainda R$ 81 com vinhos e R$ 66 com destilados.
Em um ano, a média de gastos com viagens é R$ 3690. A trabalho, R$ 1104. 44% têm passaporte válido.
Sobre o autor
Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames.