Lu Gimenez, sobre app de relacionamento só para milionários: "Entrei mesmo"
Paulo Sampaio
01/02/2019 05h00
Em um rasgo de empoderamento, Luciana Gimenez confirmou ontem ao blog que mantém um perfil no aplicativo de relacionamento norte-americano Raya, frequentado por uma elite de ricos e famosos. "Entrei mesmo. E não só nesse. Eu tô em tudo, amor. Até no Tinder." Bem mais acessível, o Tinder tem 7 anos de existência, está em mais de 190 países (incluindo o Brasil) e já registrou, segundo sua assessoria, cerca de 20 bilhões de matches (combinações) — quando acontece de um usuário escolher alguém que também clicou "like" para ele.
Separada desde março do empresário Marcelo de Carvalho, sócio da "Rede TV!", com quem foi casada 14 anos, Luciana, 49, diz que acha divertido essa incursão pelos sites de busca de relacionamento. "Quem sabe eu não arrumo um namorado?"
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Comitê de avaliação
O Raya foi lançado em 2015, em Los Angeles, por um empresário judeu chamado Daniel Gendelman, 35 anos, que, segundo se conta, não teria logrado sucesso em conhecer alguém por aplicativo, em uma viagem que fez a Israel no ano anterior.
Em hebraico, "raya" significa "amigo". Embora o site do aplicativo não faça menção explícita a dinheiro ou fama nem estabelece um patamar de riqueza para o ingresso do interessado, as entrelinhas sinalizam bem o tipo de "amigo" aceito. Sim, é preciso passar por um comitê de "notáveis" que decide se o candidato é capaz de "manter uma conversa" com os demais usuários (eles preferem a palavra "membros", porque dá a idéia de um clube fechado).
Vestido preto, bota vermelha
"Gente, pára", diz Luciana, pelo telefone, de Nova York. "Não tem nada disso. É só um site de encontro, como qualquer outro desse tipo." Ela confirma que está no aplicativo, sabe do que se trata, mas desconhece o comitê encarregado de selecionar os interessados em fazer parte. Como pode? "Eu estava na casa do Mick (Jagger), e umas amigas fizeram meu perfil em vários aplicativos."
Informo que tenho a foto postada no aplicativo, e ela pergunta: "Como eu estou?" Respondo: "De vestido e bota." Ela: "Ah, um vestido preto e uma bota vermelha longa?" Sim, Luciana.
Perfil de Luciana, no aplicativo Raya, frequentado por ricos e famosos (Foto: Instagram)
Com todo respeito
Autodefinido introspectivo, o criador do Raya praticamente não fala com a imprensa. Procurada por e-mail, a assessoria de comunicação do aplicativo não deu resposta ao blog até a publicação deste post. Em julho, Gendelman disse ao jornal "The New York Times" que o aplicativo não tem a função de ajudar gente rica a encontrar acompanhantes para excursões de iate, e sim de juntar "pessoas apaixonadas, de qualquer parte do mundo, que têm algo que queiram dividir e possam fazer isso em um nível respeitoso." Bonito. O que será esse "algo pra dividir"? E qual a necessidade de criar um comitê de avaliação do candidato? E por que divulgar uma fila de espera estimada em 100 mil pessoas? Os excluídos já afirmam que é mais difícil entrar no Raya do que em Harvard.
Tudo no site de apresentação do aplicativo é muito vago. Afinal, não cairia bem para uma ferramenta tão refinada afirmar que ali se barra a entrada de um sujeito com perfil de "zé ninguém". Em vez disso, eles informam: "Embora raro, alguns membros não se portam da maneira que o comitê acredita que eles deveriam. Em muitos casos, eles são removidos por violar esses princípios, os quais enfraquecem nossa comunidade." Que princípios são esses, ninguém diz. Por sua vez, o comitê é "anônimo".
O sigilo é a regra prioritária do Raya, e por isso a identidade dos frequentadores é revelada o tempo todo — muito mais do que em aplicativos que não têm a pretensão da exclusividade. Especula-se que a "pegação entre ricos" agregue figuras como os cantores John Mayer e Demi Lovato, a modelo Cara Lavigne, o músico Moby e o corredor de F-1 Lewis Hamilton, cinco vezes campeão mundial. Cada membro paga uma mensalidade — simbólica, naturalmente — de U$ 7,99.
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Pretendente superempolgado
Conto a Luciana que eu soube de sua presença no Raya por uma fonte que afirma que os perfis dos dois deram "match" — ele mesmo mandou para a reportagem a foto da bota vermelha. O rapaz tem 35 anos, trabalha em uma renomada instituição financeira em Nova York e pediu sigilo. Tem medo de ser removido do aplicativo. "Foi superconcorrido para entrar, passei por muitos processos e me submeteram a um comitê de avaliação". Luciana leva tudo na brincadeira, mas o tal pretendente está falando do encontro a sério: "Tô superempolgado para sair com a Luciana, acho que pode ser bem interessante pra mim."
Ela ri, entre desentendida e curiosa: "Gente, agora quero entrar mesmo. Pior que eu esqueci a senha, preciso recuperar." E promete: "Te ligo amanhã para dizer teve mais algum match." Claro.
Sobre o autor
Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames.