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"Escola da Riqueza": curso no Brasil ensina como fisgar marido milionário

Paulo Sampaio

15/02/2019 05h00

Fazendo pose na porta do hotel Claridges, em Londres

A sueca Anna Bey, 32 anos, percebeu muito jovem que precisava de um homem rico para patrocinar o tipo de vida que pretendia levar. Ela já gostava de comer bem, gastar com roupas caras, passear de iate e voar na 1a. classe.  "Tenho medo de viajar de avião, então prefiro os maiores do que os jatinhos privados, que podem ser mais instáveis. O melhor dos mundos seria uma 1a. classe que nos desembarcasse em um hangar privado, com serviço VIP."

Em uma viagem à Itália, aos 19, Anna passou a namorar um financista bem mais velho e bem mais rico que ela. Desde então, cultivou um estilo de vida condizente com suas necessidades básicas — como hospedar-se no centenário hotel Claridge's, de Londres, onde a diária mais em conta sai por 650 dólares, ou cerca de R$ 2.400. Hoje, ela vive em Geneve, na Suíça, com um noivo treze anos mais velho, que, presumivelmente, "lida com dinheiro".

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Anna Bey, antes e depois de galgar o mundo dos homens ricos (Foto: Arquivo Pessoal)

Escola da Riqueza

Recentemente, Anna resolveu compartilhar com correligionárias ainda inexperientes o aprendizado de luxo e riqueza adquirido em uma bem-sucedida carreira de alpinista social — que ela assume sem problemas. Assim, criou a "School of Affluence" (Escola da Riqueza), que "ensina moças ambiciosas a galgar o universo dos homens ricos".

Definido como um "programa de treinamento online", o curso é composto por sete módulos, cada um com duração de 1h até 1h30:

  1. Introdução ao mundo dos ricos;
  2. Comportamento a adotar na alta sociedade, e a etiqueta do "bodylanguage" (o corpo fala);
  3. Moda (dress code e corpo);
  4. Promoção de uma rede de conexões poderosas (networking);
  5. Namorando o rico
  6. e 7.  Estratégias para obter bons resultados em todos os ítens acima

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Curso Casamenteiro

O correspondente do curso de Anna no Brasil está sendo lançado com o nome de "Escola da Elite" (www.escoladaelite.com). A iniciativa de trazê-lo foi da empreendedora Jennifer Lobo, 31, que é filha de brasileiros nascida em Miami e tornou-se famosa por lançar aqui o "Meu Patrocínio", uma plataforma elaborada para aproximar moças desamparadas de senhores abastados (os famigerados 'sugar daddy'). Jennifer também assina a obra "Como Con$eguir um homem Rico".

Jennifer Lobo no Rio, onde vive a maior parte do tempo (Foto: Instagram)

Loura, olhos muito azuis e sempre bem abertos, Jennifer conta com seu sotaque americano que conheceu Anna Bey em Nova York, "no único curso de casamento (com bons partidos) reconhecido mundialmente"."Eu e Anna vimos que tínhamos o mesmo modo de pensar e, quando ela me falou da 'School of Affluence', nos aproximamos mais ainda. Logo quis lançá-la no Brasil."

Jennifer explica que não é um curso adaptado, e sim reproduzido como o original. Ela diz que preferiu apresentá-lo com legendas do que dublado. "Colocando a voz de outra mulher, e outro idioma, perderia a naturalidade. Além do mais, muita gente entende inglês, ou, se não, vai ter oportunidade de aperfeiçoar." Dirigido a "garotas que estão cansadas de uma vida normal e querem mais conforto e muitas extravagâncias sem preocupações financeiras", a "Escola da Elite" segue basicamente a mesma orientação pedagógica da "School of Affluence". O investimento é R$ 499, taxa que Jennifer anuncia como "promocional". "Dividimos em vezes", explica.

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Anna e Jennifer, no curso "casamenteiro" de Nova York: "Espalhe amor" (Foto: Arquivo Pessoal)

Milionários x Bilionários

De acordo com uma pesquisa feita pela própria Anna Bay, há 2.433 homens bilionários no mundo, com idade média acima dos 50. A maior parte é casada e não oferece exatamente o que a típica aluna de sua escola deseja. Um dos ensinamentos mais preciosos que ela aprendeu em sua experiência como alpinista é: "Mais vale um milionário mão-aberta do que um bilionário pão-duro".

Anna inclusive desenvolveu uma tese, segundo a qual "a maior parte dos bilionários conseguiu juntar aquela dinheirama economizando tostões". "Gostamos de levar uma vida confortável, luxuosa, sem restrições", explica ela, que alimenta também o blog jetsetbabe.com. Nele, publica artigos como "Segredos de moda e beleza para mulheres negras"; "Beleza interior: maneiras práticas de mostrar consideração"; "Coma isso por 7 dias e você perderá peso!"; "Porque homens ricos e bonitos se casam com mulheres básicas".

 

Tópicos importantes listados no blog de Anna (Foto: jetsetbabe.com)

Embaixo da foto de uma mulher pelada, com um chapéu gigante de palha na cabeça, Anna postou uma reflexão que toda alpinista social deveria anotar em seu moleskine: "Seus pensamentos e atitudes — positivos ou negativos — vão se refletir em sua voz, na sua personalidade e até mesmo nas suas ações".

O que é feminismo?

Pergunto a Jennifer se ela não teme, ao propor a dependência financeira de um homem, ser criticada pelas feministas. Ela responde: "O que é feminismo? É um movimento que propõe basicamente a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Acontece que, por mais que se tenham queimado sutiãs, estamos na mesma desde os anos 1970. Então, como eu posso ter os mesmos acessos que o meu namorado, se eu ganho muito menos e gasto muito mais (com depilação, cabelo, unha, roupas e acessórios)? Aqui no Brasil, ainda tem a taxa rosa, que define um valor até 10% maior nos produtos destinados a mulheres. Aí, você aparece toda arrumada, e o cara não tem dinheiro para te pagar um puta jantar? É sacanagem, né?"

Será que o homem que paga a conta não achará que, por isso, vai ter o direito de controlar a situação e mandar na mulher? "Homem que quer mandar, dominar, vai mandar e dominar de qualquer maneira. Isso não está ligado à conta bancária, mas à personalidade. E depois, tem mulher que gosta de ser controlada. E tem homens pobres que gostam de mandar."

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Interesseira por quê?

Ela diz que tampouco receia ser tachada de "interesseira", por dois motivos: "Primeiro, não dou ouvido a julgamentos. Segundo, tudo na vida, tudo mesmo, envolve interesse. Se um homem pobre se une a uma mulher pobre, algum interesse ele tem nela, e vice-versa. Por que o interesse da pobre com o rico é pior?"

Até que ponto a alpinista social terá de aguentar um homem por quem ela não se sente minimamente atraída, só para ter uma vida confortável? "A beleza definitivamente não é o mais importante no homem rico. Ele pode ser bonzinho, cavalheiro e gostar de se divertir. De dar para a mulher suporte emocional e segurança. Eu prefiro do que ter um gato bombado, burro e pobre!"

Aparentemente, a mulher enfrenta um difícil dilema. Precisa escolher entre um velho rico e um gato burro; ou pobre e bombado…Difícil.

 

 

 

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Sobre o autor

Nascido no Rio de Janeiro em 1963, Paulo Sampaio mudou-se para São Paulo aos 23 anos, trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, nas revistas Elle, Veja, J.P e Poder. Durante os 15 anos em que trabalhou na Folha, tornou-se especialista em cobertura social, com a publicação de matérias de comportamento e entrevistas com artistas, políticos, celebridades, atletas e madames.