Sérgio Nahas, acusado de matar mulher, vai a júri nesta 4ª; Dora faz defesa
Está marcado para a próxima quarta-feira, com previsão de se prolongar por três dias, o julgamento do empresário Sérgio Nahas, acusado de matar a mulher em 14 de setembro de 2002 com um tiro de pistola. Sua advogada de defesa é a criminalista Dora Cavalcanti, fundadora da ONG Innocence Project Brasil, que presta serviço a vítimas de erro judicial. Nahas teria puxado o gatilho quando sua mulher, a empresária Fernanda Orfali, descobriu a relação dele com travestis — de quem comprava cocaína. A bala ricocheteou na coluna vertebral da empresária e atingiu seu coração. Ela tinha, então, 28 anos. Ele, 38. Durante todos esses anos, a defesa interpôs inúmeros recursos, a maioria inadmitidos por serem considerados protelatórios.
O júri havia sido marcado para os dias 8, 9 e 10 de novembro do ano passado, mas foi adiado. Na véspera do feriado de Finados, imediatamente antes do julgamento, Cavalcanti encaminhou ao Tribunal de Justiça um parecer em que reforçava a argumentação de que a vítima sofria de depressão e por isso se matou. "Ela tem um histórico da doença, sempre frequentou psiquiatras", sustenta a advogada.
Familiares de Fernanda afirmam que ela nunca foi a um psiquiatra até se casar. "A Nanda era a pessoa mais alegre da casa, fazia brincadeira de tudo, carregava 18 batons na bolsa, não consigo nem imaginá-la tentando se matar", diz o irmão dela, Júlio Orfali. A mãe, Nadir, conta que o pai de Sérgio, José Nahas, "providenciou um psiquiatra para acompanhar o filho no período de abstinência, e outro para ajudar Fernanda a conviver com um marido viciado". Segundo Nadir, o psiquiatra de sua filha era conhecido de José Nahas da igreja Ortodoxa e "encheu a Nanda de antidepressivos". Ainda se apresentou mais tarde como testemunha de defesa de Sérgio e depôs durante quatro horas, diz Julio.
Leia também: Fazendeiro acusado de jogar mulher pela janela tem julgamento adiado pela sétima vez
Irmã de Mércia Nakashima: "Não consigo mais chorar quando alguém morre"
Político baiano é acusado de estuprar seis em bairro nobre de SP

Fernanda e Nahas se casaram em 8 de março (de 2002), por coincidência a data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (Foto: Arquivo Pessoal)
Manobra protelatória
Ao receber o parecer encaminhado por Cavalcanti em 1º de novembro, o promotor Fernando César Bolque achou que só poderia ser uma estratégia para adiar o julgamento. "O texto tem 53 laudas, dez documentos, e só me foi dado à ciência na quarta-feira às 17h30. Imagine ler e avaliar esse conteúdo a dois dias do juri", disse na época. Bolque se sentiu "surpreso com a atitude da defesa". "Achei estranho a advogada usar uma manobra protelatória, porque no mesmo dia ela deu uma entrevista para a TV afirmando que tinha todo interesse no julgamento, já que estava certa da inocência de seu cliente."
Cavalcanti, que era sócia do ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos (1935-2014), primeiro advogado a assumir o caso, afirmou que "os documentos foram juntados pela defesa rigorosamente dentro do prazo legal estipulado no artigo 479 do Código de Processo Penal".
O promotor contra-argumentou que o artigo 479 "deixa claro que não basta juntar os documentos, mas dar ciência à parte contrária". "A defesa teve 15 anos para fazê-lo, mas deixou para a véspera do júri. Por que será?", indagava-se Bolque.
Dia Internacional da Mulher
Depois de uma acirrada discussão do promotor com Cavalcanti, o juiz Luiz Felipe Vizoto Gomes determinou o adiamento do júri. Segundo o promotor, "a defesa fez tudo para mostrar que quem queria protelar o júri era a acusação: só não entendi até agora que interesse eu teria nisso". Bolque afirma que, se Cavalcanti abrisse mão do parecer de 53 páginas, o julgamento poderia ter ocorrido naquela ocasião.
Curiosidade: o casamento de Sergio Nahas e Fernanda Orfali foi sacramentado com uma festança em 8 de março (de 2002), data em que, por coincidência, se comemora o Dia Internacional da Mulher.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.