Pecuarista acusado de matar mulher no PR é julgado agora, após 17 anos
Começou às 8h30 no Fórum de Ponta Grossa, no Paraná, o julgamento do agropecuarista Mauro Janene Costa, acusado de esganar até a morte e jogar do 12º andar a professora Maria Estela Correa Pacheco. Em dezessete anos, o julgamento de Janene foi adiado sete vezes. Estela tinha 35 anos em 2000, quando foi encontrada morta no jardim do prédio onde o agropecuarista morava, em Londrina, a 390 km de Curitiba.
"Foram tantos adiamentos que eu já estava esperando mais um, ou mesmo que o réu nem comparecesse", diz a filha da vítima, a advogada e jornalista Laila Pacheco Menechino, que tinha 14 anos quando a mãe morreu e comanda o movimento "Justiça para Estela".
O réu chegou ao Fórum acompanhado da mulher, aparentando abatimento. Na tribuna, evita trocar olhares com familiares da vítima e permanece a maior parte do tempo de cabeça baixa, com a mão na testa. "Nem parece o fortão de antes. Está acabado", diz Laila.
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No fim de janeiro, o julgamento foi adiado pela sétima vez (de 22 de fevereiro para hoje), quando a advogada de defesa, Gabriela Roberta Silva, alegou que enfrentava uma gravidez de risco e não se sentia em condições de comparecer (por coincidência, Laila também está grávida). O juiz Luiz Carlos Fortes Bittencourt indeferiu o pedido, afirmando que "a legislação prevê alternativas para este tipo de situação, como o subestabelecimento com ou sem reserva de poderes a outro defensor". "Mesmo que se trate de uma situação supostamente grave e excepcional, não é razoável adiar a sessão mais uma vez", escreveu Bittencourt.
Contudo, Silva recorreu da decisão do juiz e conseguiu no Tribunal de Justiça do Paraná uma liminar. O TJ considerou que, por uma questão de cautela, seria melhor suspender o júri. A juíza substituta, Michelle Delezuc, manteve a decisão do TJ, mas ato-contínuo marcou o novo júri para 22 de março. Delezuc criticou a "conduta processual insistente e protelatória da defesa, buscando esquivar o réu da aplicação da lei penal": "Ressalte-se, mais uma vez, que não é razoável adiar o julgamento do réu Mauro Janene por tempo indeterminado."
A juíza determinou ainda que, caso Gabriela Roberta Silva não estivesse em condição de atuar na data prevista (hoje), Janene poderia "escolher outro profissional para defendê-lo". Procurada pela reportagem, Silva não retornou a ligação.
De família rica, Janene é neto de Abdelkarim Janene, considerado no passado um dos maiores pecuaristas do estado, e sobrinho de Jamil Janene, ex-presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP). O ex-deputado José Janene (PP-PR), apontado como pivô dos escândalos do mensalão e do petrolão, era seu primo. Em 17 anos, o agropecuarista ficou preso cinco dias.
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