Prefeito Bruno Covas exonera secretária de Direitos Humanos e Cidadania
O prefeito Bruno Covas exonerou ontem a secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eloísa Arruda. Segundo o blog apurou, Covas não teria concordado com a decisão de Eloísa de afastar o coordenador de Políticas LGBTQI+, Ivan Inácio Batista. Uma das razões que teriam levado Eloísa a determinar a exoneração de Batista foi justamente o descontentamento da militância com o trabalho dele. "Ninguém estava satisfeito, tanto que os pedidos para que ela o afastasse eram unânimes", diz o empresário e estilista Heitor Werneck.
Representantes de mais de 20 entidades LGBT enviaram a Bruno Covas uma carta protocolada, cobrando dele uma postura em relação à substituição na coordenadoria. Ao blog, eles contaram que já haviam mandado mensagens por e-mail e WhatsApp, "mas o prefeito ignorou".
Eloísa assumiu a secretaria em junho do ano passado, no lugar de Patrícia Bezerra, que pediu para sair depois de classificar como "desastrosa" a intervenção do então prefeito João Dória (PSDB) na Cracolândia.
A substituta
Agora, Covas nomeou para o cargo a procuradora Berenice Maria Giannella, que foi presidente da Fundação Casa durante 12 anos, até 2017. Na ocasião, noticiou-se que Berenice teria saído pela porta dos fundos, sem se despedir, porque não ficou satisfeita com a maneira como o governador Geraldo Alckmim conduziu seu desligamento.
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Quem é quem?
Embora até ontem Marcos Freitas estivesse ocupando o cargo de coordenador de Políticas LGBTT na secretaria, ele não fora formalmente nomeado — nem Ivan Batista formalmente exonerado: "É uma situação inédita, um funcionário de terceiro escalão levar tanto tempo para assumir o cargo", surpreende-se Nelson Matias Pereira, do conselho fundador da Parada GLBT. "Marcamos uma reunião de boas-vindas com o Marcos, fomos lá, nos colocamos à disposição, e uma semana depois ele ainda não tinha sido nomeado. Fica difícil saber quem, afinal, responde pela coordenadoria."
Segundo fontes ligadas a Prefeitura, Bruno Covas teria dito a Batista que continuasse no cargo, desautorizando assim a secretária. Por sua vez, Eloísa não voltou atrás na decisão de nomear Marcos Freitas.
Briga interna
Os signatários da carta acreditam que, por trás da exoneração de Eloísa, haveria uma "briga interna" no PSDB. Tudo teria começado quando a vereadora Adriana Ramalho reclamou no plenário que não vinha sendo atendida por Eloísa. Em resposta, a secretária enviou uma "carta aberta" à presidência da Câmara, queixando-se de que recebera "ofensa moral", o que aumentou o desgaste entre as duas. Adriana seria ligada a Ivan Inácio Batista, que é presidente municipal da Diversidade Tucana, grupo LGBTT do PSDB.
Opositores de Eloísa agora afirmam que ela teria pedido o afastamento de Batista como retaliação à atitude de Adriana.
Resumão
Eloísa foi procuradora, secretária estadual da Justiça e da Defesa e Cidadania (entre 2011 e 2014), e assumiu a secretaria municipal de Direitos Humanos e Cidadania no ano passado.
A secretária foi favorável à intervenção de Dória na cracolândia. Na ocasião, afirmou que quando se tratam de questões de segurança, às vezes as ações precisam ser imediatas. Se a polícia aguarda, disse, pode ser acusada de omissão.
Em 2012, ela chegou a dizer que a cracolândia havia acabado, depois de coordenar uma ação com a participação da Polícia Militar e de agentes de saúde e assistentes sociais na área. "Não existe mais", disse.
O movimento LGBTT afirma que, embora eventualmente discorde da secretária em ações do passado, a carta que redigiu é "suprapartidária". "Nosso interesse está relacionado à nomeação de um novo coordenador, que não foi cumprida pela Prefeitura."
O blog procurou a Prefeitura, mas até agora não obteve resposta.
Ivan Inácio Batista e Marcos Freitas preferiram não se manifestar.
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